Marcelo chega a Moçambique preocupado com a Europa

por RTP
João Relvas - Lusa

O Presidente da República chegou esta terça-feira de manhã a Moçambique, onde vai permanecer nos próximos quatro dias. À chegada a um país que atravessa um período de tensão política e económica, Marcelo preferiu revelar-se pessimista com o rumo da Europa.

Marcelo Rebelo de Sousa chega a Maputo com uma agenda preenchida de eventos e encontros, que será dedicada a temas como a economia, cultura, educação e cooperação. No aeroporto de Maputo o Presidente foi recebido com honras militares pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Oldemiro Balói.

Antes da aterragem, Marcelo falou com os jornalistas no avião, onde se mostrou “pessimista” com as economias da Europa, em particular com a Grécia. Negou, no entanto, que tenha sido pedida uma cimeira extraordinária, apesar de se mostrar apreensivo com a suspensão dos contactos institucionais entre o Governo grego e os credores.



O chefe de Estado manifestou preocupação com a falta de crescimento das economias europeias, e com as consequências que essa estagnação pode ter para as exportações nacionais, e notou que há vários países como eleições à porta, facto que contribui para atrasar o avanço das economias.
Tensão militar crescente
Durante o trajeto recusou falar da visita a Moçambique, e não assumiu que a viagem tem como objetivo ajudar a mediar o conflito entre o Governo da Frelimo e os opositores da Renamo, numa altura em que cresce a tensão entre as duas partes e adensa-se o conflito militar.
Confirma-se, no entanto, que o Presidente vai receber, em encontros separados, os líderes parlamentares da Frelimo e dos partidos da oposição Renamo e MDM.

Fonte da Presidência adiantou à Lusa que os encontros foram pedidos pelos representantes dos partidos moçambicanos.

Recorde-se que antes de partir para Moçambique Marcelo passou por Roma, onde esteve reunido com a Comunidade de Santo Egídio, uma comunidade católica que em 1992 ajudou a por fim à guerra civil que durava há mais de 15 anos. O acordo entre a Frelimo e a Renamo foi assinado precisamente em Roma.

Além da tensão política, Moçambique atravessa também um período económico delicado. A nível financeiro foram reveladas no último ano as avultadas dívidas escondidas pelo país ao longo dos últimos anos, o que levou à suspensão dos empréstimos ao país por parte de instituições como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

Nas redes sociais circulam convocatórias para manifestações e apelos à “paralisação” do país entre esta terça-feira e o próximo sábado, precisamente durante a visita de Marcelo Rebelo de Sousa.

O presidente tentará passar ao lado dos protestos, além de que durante os quatro dias da visita não sairá da província de Maputo.
Programa longo
O programa oficial de Marcelo em Maputo começa com uma visita ao Centro de Formação Profissional de Metalomecânica. Segue-se uma paragem nas instalações da Cooperação Técnico-Militar e um almoço com militares portugueses da Cooperação Técnico-Militar. Esta terça-feira visita ainda o empreendimento da Promovalor/Mota-Engil, localizado na Avenida Julius Nyerere.

Para a noite está marcado um jantar com os funcionários da Embaixada de Portugal.

A primeira grande visita de Estado de Marcelo fica ainda marcada pela ausência ausência de ministros, deputados ou empresários na comitiva.

Marcelo Rebelo de Sousa tem regresso marcado para Lisboa no sábado de manhã.
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