Champalimaud distingue técnicas inovadoras na visualização da retina

por Lusa

Lisboa, 14 set (Lusa) -- O Prémio Champalimaud de Visão distinguiu este ano dois grupos de investigadores pelo desenvolvimento de técnicas inovadoras na visualização da retina, que vão permitir conhecer melhor a estrutura desta parte do olho e descobrir novos mecanismos das doenças oculares.

James Fujimoto, David Huang, Carmen Puliafito, Joel Schuman e Eric Swanson foram premiados pela "Tomografia de Coerência Óptica" e David R. Williams pela "Ótica Adaptativa", foi hoje divulgado.

A Tomografia de Coerência Ótica (OCT, na sigla em inglês) é uma tecnologia de diagnóstico em que não é necessário o contacto físico com os instrumentos utilizados, garantindo maior conforto ao doente e maior facilidade de utilização pelo médico, e que permite visualizar com grande resolução secções transversais da estrutura interna de tecidos vivos.

As Tecnologias de Ótica Adaptativa (AO em inglês) foram inicialmente desenvolvidas por astrónomos para captar imagens através de aberrações atmosféricas.

David Williams adaptou esta tecnologia à oftalmologia, possibilitando a observação com grande nitidez das células da retina, graças à correção de imperfeições óticas naturais que ocorrem ao nível do cristalino e da córnea do olho.

Desta forma, os médicos conseguem uma visualização e quantificação direta dos cones fotorrecetores da retina viva.

A Fundação Champalimaud considera que esta aplicação representa um "avanço notável na nossa capacidade de avaliar os componentes celulares da retina, até aqui um fator limitante na investigação e na clínica oftalmológica".

A visualização de células-cone individuais ao longo de semanas, meses e anos está a levar a novas descobertas sobre as alterações da retina causadas por envelhecimento e doença.

Estas duas novas tecnologias têm permitido obter informação fundamental sobre a estrutura dos olhos em doentes, graças à captação de imagens da secção transversal da estrutura interna da retina por OCT e à organização celular à micro-escala por AO.

Estas aplicações levaram à descoberta de propriedades de maleabilidade da retina, até aqui desconhecidas.

"As propriedades de imagiologia destas duas técnicas, isoladamente, ou possivelmente conjugadas no futuro, trazem grandes promessas para uma imagiologia tridimensional à escala celular que impulsionará novas descobertas científicas e melhores cuidados de saúde", sublinha a fundação.

O Prémio António Champalimaud de Visão tem o valor de um milhão de euros e tem como objetivo reconhecer realizações científicas excecionais que impliquem transformações na compreensão, diagnóstico, tratamento ou prevenção de doenças e distúrbios da visão.

Este prémio internacional, lançado em 2006, distingue dois tipos de feitos científicos alternadamente: nos anos pares valoriza as descobertas científicas e nos anos impares as contribuições significativas para minimizar os efeitos das perturbações e perda de visão, sobretudo nos países em desenvolvimento.

O júri responsável pela seleção das candidaturas ao Prémio é constituído por um grupo de cientistas e de figuras públicas, que têm tido influência no combate a problemas que afetam o mundo, especialmente relacionados com a procura de soluções para problemas dos países em desenvolvimento.

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