Livro transforma água infetada em potável

por RTP
Os testes foram feitos em 25 fontes de água contaminada no Gana, África do Sul e Bangladesh Khaled Abdullah Ali Al Mahdi - Reuters

As páginas, que são arrancadas para fazer de filtro, contêm prata ou cobre que matam as bactérias. Um livro capaz de tornar a água pontável está a mostrar-se eficaz nas primeiras experiências em campo.

Os testes foram feitos em 25 fontes de água contaminada no Gana, África do Sul e Bangladesh. O papel utilizado conseguiu remover 99 por cento dos micróbios.Os resultados do filtro em forma de livro foram, agora, apresentados na reunião nacional da American Chemical Society, em Boston, EUA.

As nanopartículas de prata e de cobre presentes nas páginas impedem a passagem das bactéricas.

O “livro potável” é feito com papel tratado, no qual estão as informações sobre como e porque é que a água deve ser filtrada. As instruções são dadas em inglês e na língua local.

“É direcionado para as comunidades nos países em desenvolvimento”, afirmou Teri Dankovich. “Tudo o que precisa de fazer é arrancar uma página, colocá-la num suporte de filtro simples, derramar a água nele e sai limpa – as bactérias morrem”, explicou à BBC.

O investigador da Universidade Carnegie Mellon desenvolveu e testou a tecnologia para o livro ao longo de vários anos.
Uma página e 100 litros de água
As experiências mostraram que uma página pode filtrar até 100 litros de água. Isto significa que um livro poderá limpar o equivalente ao consumo de água de uma pessoa durante quatro anos.

As amostras de água analisadas perderam 99 por cento das bactéricas, em média. Nalguns casos a percentagem chegou aos 100.
Anteriormente, Dankovich testou o papel em laboratório, usando água contaminada artificialmente. O sucesso das análises resultou em parcerias com as organizações Water is Life e iDE.

“É realmente emocionante ver que o trabalho do papel não é apenas utilizado em laboratório, mas também é um sucesso em fontes de água reais que as pessoas estão a usar”, disse o cientista.

“Estamos impressionados com o desempenho do papel, é capaz de matar quase todas as bactérias das amostras”, acrescentou.
“Nas mãos das pessoas”
A próxima etapa da investigação é pedir aos moradores locais para testarem o produto. Os investigadores estão a tentar aumentar a produção do papel, que atualmente é feito à mão.

“Precisamos de o pôr nas mãos das pessoas para ver que efeito vai ter. Há tanta coisa que se pode fazer quando se é cientista”, contou Teri.

Na prática, a equipa está a tentar segurar os filtros em kolshis – frascos de metal que são usados como recipientes para a água.

“Há um grande interesse no desenvolvimento de novos produtos para o tratamento de água”, disse à BBC Daniele Lantagne, engenheira ambiental.
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