A Noite da Vingança

Uma longa noite de amargo confronto entre uma vítima da tortura e o seu torturador, num drama psicológico de Roman Polanski, com Sigourney Weaver e Ben Kingsley.

Algures num país sul-americano, Paulina aguarda o regresso do seu marido, o advogado Gerardo Escobar. Cai a noite e um temporal sobre a sua isolada casa perto da costa quando o marido surge acompanhado por um desconhecido, o dr. Roberto Miranda. Para supremo choque de Paulina, esta reconhece Roberto como o seu antigo torturador e violador dos tempos da ditadura militar no país. Paulina destrói o carro de Roberto e, armada, sequestra o seu inesperado visitante. O marido tenta libertar o médico, mas Paulina ameaça-o com a arma. Gerardo tenta fazer ver à mulher que a sua atitude não difere muito dos torturadores do tempo da ditadura e ela concorda em fazer ali mesmo, com o marido na qualidade de defensor, o julgamento de Roberto. Ao longo de uma noite de pesadelo, Paulina revive os dias da sua tenebrosa prisão e da tortura que sofreu ás mãos de Roberto. Este continua a declarar a sua inocência até que, prestes a ser morto por Paulina, confessa tudo.

"A Noite da Vingança", de Roman Polanski, parte da adaptação ao cinema de uma peça teatral de Ariel Dorfman, uma obra assumidamente política. Trata-se de um thriller sufocante e perturbador que se desenrola ao longo de uma noite numa casa isolada onde por mero acaso uma mulher, vítima de tortura e violação, durante a ditadura militar num país sul-americano, sequestra o seu suposto torturador disposta a vingar-se de forma exemplar. Esta situação acaba por se transformar numa longa noite de revelações, de recordações traumáticas e dolorosas e, ao mesmo tempo, de tenso e dramático confronto político e emocional. Polanski é mais uma vez admirável na construção de um momento de pura demência homicida e vingativa, ultrapassando com grande desenvoltura as limitações de uma adaptação teatral que transforma num filme envolvente e de grande carga psicológica. Uma obra de subtil e perturbador suspense, que é também uma fascinante reflexão política sobre o problema da reintegração das vítimas e dos servidores de regimes ditatoriais em democracia, admiravelmente servida por três grandes interpretações a cargo de Sigourney Weaver, Ben Kingsley e Stuart Wilson.