Clint Eastwood, atrás e à frente das câmaras, a evocar a memória de John Huston num filme irónico e fascinante.
Nos anos 50 o realizador cinematográfico John Wilson convence o seu amigo, Peter Verrill, um argumentista de Hollywood, a trabalhar na história de um filme que se desenrola em África. Wilson insiste em rodar nos cenários naturais de África, sobretudo porque quer consumar um velho sonho: caçar um elefante. No Uganda, Wilson, cria algumas confusões no hotel, em grande parte devido ao seu gosto por mulheres, e mais tarde arrasta Verrill para situações de alto risco a bordo de um velho barco a vapor que pretende usar no filme. Wilson, entretanto, conhece Kivu, um caçador negro, que o impressiona pela sua coragem e que irá morrer quando Wilson se prepara para abater o seu elefante, depois de desprezar os avisos de Kivu.
Partindo da adaptação de um romance de Peter Viertel, “Caçador Branco, Coração Negro”, foi o décimo quarto filme assinado por Clint Eastwood, que mais uma vez confirmava o seu talento e inteligência atrás das câmaras. Tudo gira em torno de um cineasta americano que se prepara para rodar um filme em África. Filme que vai sofrer vários atrasos porque o primeiro grande objectivo do cineasta é caçar um elefante, o que vai ter um desfecho trágico. Na verdade, o livro de Peter Viertel é um relato ficcionado das atribulações criadas por John Huston, de quem Viertel era amigo e argumentista, por ocasião da rodagem do celebérrimo “A Rainha Africana”, que Eastwood evoca com espantosa sobriedade e subtileza. Assumindo, para além da produção e da realização, o principal papel, Eastwood, constrói um filme sobre a rodagem de um filme e sob a memória dessa figura inesquecível do cinema que foi John Huston, cineasta e aventureiro, farsante e livre pensador, tirano e altruista, que se desenha à transparência e à evidência na personagem criada, aliás magistralmente, por Clint Eastwood.