Lista Vermelha. Mais de 28 mil espécies em perigo de extinção

por RTP
A Lista Vermelha consiste num dos inventários mais detalhados a nível mundial e controla o estado de conservação de várias espécies de seres vivos Darren Whiteside - Reuters

Dos macacos às raias, das árvores ao fundo do mar. Sete espécies de primatas e milhares de outros seres vivos podem estar à beira da extinção. O alerta foi dado esta quinta-feira pela Lista Vermelha, ao revelar que um terço das espécies analisadas está em perigo.

A última Lista Vermelha pintou um quadro ainda mais negro para as espécies de seres vivos existentes no planeta. Dos primatas ao seres que vivem no fundo do mar, nenhuma parece estar a salvo.

De acordo com os dados da mais recente Lista Vermelha, publicada esta quinta-feira pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), mais de 28 mil espécies podem estar prestes a desaparecer.

“A taxa de extinção de espécies está a acelerar, com graves impactos nas pessoas e em todo o mundo”, lê-se num comunicado de imprensa da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistémicos (IPBES).

"A natureza está em declínio a taxas sem precedentes na história da humanidade", advertiu a diretora do grupo de conservação da biodiversidade da IUCN, Jane Smart.
“The Red List”
A Lista Vermelha consiste num dos inventários mais detalhados a nível mundial e controla o estado de conservação de várias espécies de seres vivos, por todo o mundo.

Das 8,7 milhões de espécies que existem no planeta, a Lista Vermelha analisou cerca de 105 mil. Ainda assim, os dados revelaram que um terço pode estar sob perigo iminente.

"Ao reunir os especialistas e ao compartilhar todas as informações, vimos um padrão - as espécies estão em declínio por toda a Europa", informou o diretor da IUCN, Craig Hilton-Taylor.

Ainda assim, o alerta vermelho não atinge apenas este continente.

Entre o México e o Japão, o excesso de captação de água doce, nas barragens, provocou graves quedas na vida selvagem fluvial.

"A perda dessas espécies de peixes de água doce vai privar milhares de milhões de pessoas de uma fonte crítica de alimentos”, afirmou o diretor da Unidade de Biodiversidade de Água Doce da IUCN, William Darwall.

O professor e investigador Thomas Lacher, do Departamento de Vida Selvagem e Ciências da Pesca da Universidade do Texas, explicou que “a construção de barragens, o escoamento agrícola, o desvio de fluxo e as alterações climáticas interagem entre si e pressionam a biodiversidade de água doce", causando assim a perda de algumas espécies de peixes.

Contudo, o perigo associado à intervenção humana não fica por aqui. A extração ilegal de madeira colocou as árvores de pau-rosa, em Madagáscar, a um passo da extinção. Os olmos americanos, uma das espécies de árvores nativas do leste da América do Norte, também não ficaram a salvo.
“Temos de começar a agir, agora”
“A perda de espécies e as alterações climáticas são os dois grandes desafios que a humanidade enfrenta, neste século”, revelou Lee Hannah, investigador em Biologia da Mudança Climática da Conservação Internacional.

A poluição do ar, as alterações climáticas ou até as doenças mais evasivas. O ser humano provoca a maior parte dessas mudanças, o que leva ao declínio da maior parte das espécies.

"Os fungos são muito sensíveis às mudanças no meio ambiente, como a poluição – eles vão ser os primeiros a desaparecer”, explicou o diretor da IUCN, responsável pela Lista Vermelha.

"Depois as plantas que dependem desses fungos irão desaparecer e os animais que dependem dessas plantas também", acrescentou.

O cenário parece cada vez mais negro. Contudo, baixar os braços não deve ser a solução.

“Os resultados são claros, temos de começar a agir, agora”, referiu o investigador, Lee Hannah.

Já o diretor-geral interino da IUCN, Grethel Aguilar, assumiu que "os Estados, as empresas e a sociedade devem atuar urgentemente para travar a superexploração da natureza”.

“Devemos respeitar e apoiar as comunidades locais e os povos indígenas no fortalecimento dos meios de subsistência sustentáveis", rematou.
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