"Não temos uma situação de seca tão complexa como há dois anos"

por Carlos Santos Neves - RTP
“Em pequenos aglomerados, que no verão recebem mais pessoas, esses problemas podem surgir”, admitiu o ministro do Ambiente Nuno Veiga - Lusa

O ministro do Ambiente afirmou esta sexta-feira que a situação de seca atualmente vivida pelo país é “menos complexa” do que aquela que se verificou em 2017. A ocorrerem problemas de abastecimento de água, acrescentou João Pedro Matos Fernandes, estes serão “sempre absolutamente pontuais”.

“Relativamente ao abastecimento público, os problemas, a acontecerem, serão sempre pontuais e em pequenas localidades. Não temos nenhuma previsão de que eles possam vir a acontecer”, sinalizou o titular da pasta do Ambiente e da Transição Energética, em declarações aos jornalistas à margem da inauguração, no concelho de Beja, de duas estações de tratamento de águas residuais e de abastecimento público.Matos Fernandes ressalvou ter “sempre muito pudor” em passar “mensagens muito tranquilizadoras, porque, de facto, a água é um recurso escasso”.


Segundo o último Boletim Climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, publicado no passado dia 4 de julho, o quadro de seca perdurava no final do mês anterior. Na região sul, verificou-se um “ligeiro aumento” da área sob seca extrema.

Em junho, 33,9 por cento do território continental encontrava-se em seca extrema ou severa, 22,7 em seca moderada, e 40,9 em seca fraca.

“Em pequenos aglomerados, que no verão recebem mais pessoas, esses problemas podem surgir”, admitiu Matos Fernandes. Para logo acrescentar que as autoridades estão prontas a dar resposta, designadamente com recurso a camiões cisterna.

“Não temos hoje uma situação de seca tão complexa como tínhamos há dois anos por esta altura. É menos complexa, mas temos a absoluta consciência de que, com o aquecimento global, a tendência – não quer dizer que cada ano seja pior – é, de facto de agravamento”, acentuou o governante.

“Estamos na bacia mediterrânica. É menor a quantidade água que cai da chuva do que aquela que consumimos. A única solução de longo prazo, não posso deixar de dizer, é mesmo poupar água”, completou.
Sabugal com plano de contingência

No Sabugal, um dos municípios mais atingidos pela seca, há dois anos, está já gizado um plano de contingência da autarquia para enfrentar um eventual quadro extremo, desde logo no sector da pecuária, predominante na região.

Os detalhes do plano, explicou o vice-presidente da Câmara, em declarações à agência Lusa, serão apresentados a breve trecho, tendo em vista a aprovação no executivo municipal. Parte das medidas estão já em marcha.

“Começou-se a notar uma dificuldade imensa em termos de obtenção de água para beberagem de aninais”, apontou Vítor Proença.

“Nós estamos, neste momento, a reativar todas as captações [de água], onde nos solicitam, onde há mais dificuldade, para a beberagem de animais”, acrescentou.

Ainda de acordo com o autarca, em 2017 houve juntas de freguesia e produtores de bovino que pediram a reativação de captações de água. Foram então reativadas “cerca de dez a 12”.

“Este ano, como se prevê um ano idêntico ao de 2017, também já nos solicitaram, algumas juntas e alguns produtores, e estamos a proceder à reativação de outras captações já muito antigas para as pôr ao serviço da população, para animais e para outros fins que seja necessário”.

“Isso requer algum investimento, mas a Câmara Municipal terá que assumir”, continuou o vice-presidente da Câmara, notando que o Orçamento Municipal contempla uma rubrica para este capítulo.

No caso do Sabugal, assinalou Vítor Proença, em contraste com as declarações do ministro do Ambiente, a falta de água poderá este ano ser mais acentuada, tendo em conta que há já registo de problemas de abastecimento a várias explorações pecuárias, com o verão “praticamente no início”.

c/ Lusa
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