Vida selvagem reduzida em dois terços até 2020

por RTP
Thomas Mukoya - Reuters

Um estudo da organização não-governamental World Wildlife Fund (WWF) e da associação Zoological Society of London (ZSL) revela que, entre 1970 e 2012, as populações de animais caíram em 58 por cento. Até 2020 esse número pode aumentar para 67 por cento e contribuir para a crescente extinção do mundo selvagem.

O relatório intitulado The Living Planet indica o estado global da vida selvagem e da diversidade biológica, sendo publicado a cada dois anos. O estudo avaliou as condições de 3.700 espécies vertebradas para criar um índice do estado das 64 mil espécies que existem em todo o mundo e prever que medidas de preservação devem ser aplicadas.

Os recentes dados frisam que os animais de todos os habitats estão a ser ameaçados, desde as montanhas aos mares. A principal causa é a destruição das zonas selvagens para agricultura e exploração, sendo que a maior parte da área terrestre já sofreu impacto humano e apenas 15 por cento se encontra protegida.

A caça furtiva e a exploração para fins alimentares são outros dos fatores que contribuem para esta devastação do mundo selvagem. Um recente estudo revela que os mamíferos terrestres estão a ser caçados até à extinção e que muitos dos animais já não têm refúgios.

A poluição é outro dos grandes problemas, sendo os rios e lagos os principais ambientes prejudicados: as populações de animais destes habitats já desceram 81 por cento desde 1970.  Também as baleias-assassinas e os golfinhos têm sido infetados por poluentes industriais e, nas últimas duas décadas, os abutres do sudeste asiático foram dizimados após comerem as carcaças de gado contaminado com substâncias anti-inflamatórias.
Quais são as soluções?
Segundo Mike Barrett, um dos diretores da WWF, uma mudança nos consumos e práticas da sociedade é o primeiro passo a tomar para reparar esta situação. Comer menos carne, banir a caça furtiva e assegurar as cadeias de fornecimento dos materiais como a madeira nas indústrias são algumas das medidas que podem contribuir para a solução. Também os Governos devem melhorar as políticas ambientais e sustentáveis.

Apesar do declínio confirmado pelo relatório, existem espécies que têm dado sinais de recuperação e revelado que a ação humana é fundamental. O número de tigres aumentou e o panda-gigante foi removido da lista de espécies ameaçadas. A proteção do habitat do lince euroasiático na Europa e o controlo da caça fez com que a espécie aumentasse o quíntuplo desde a década de 1960.
"Mundo natural pode colapsar"
O possível desmoronamento da vida selvagem pode representar um dos mais graves problemas do Antropoceno, era em que os humanos dominam o planeta.

O diretor geral da WWF, Marco Lambertini, afirmou ao diário britânico The Guardian que “a riqueza da vida na Terra é fundamental para os complexos sistemas que nela existem”. Declarou ainda que, “se perdermos a biodiversidade, o mundo natural como o conhecemos pode colapsar”.

O estudo revela ainda que, caso venha a acontecer, a perda da vida selvagem terá um estrondoso impacto entre os humanos e poderá até gerar conflitos. Ao serem postos em causa os recursos naturais dos quais a humanidade depende, “aumenta o risco de instabilidade no fornecimento de água e comida” e pode ser originada uma competição sobre os mesmos.
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