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Iniciativa Liberal de Leiria rejeita afastamento da alta velocidade da região

O Núcleo Territorial de Leiria da Iniciativa Liberal (IL) rejeitou hoje qualquer tentativa de afastar a linha ferroviária de alta velocidade (LAV) da região, após serem conhecidas posições de autarcas sobre uma proposta alternativa ao traçado.

Lusa /

Num comunicado, a IL considerou a proposta, que desvia o traçado e retira a estação prevista para a zona da Barosa, em Leiria, e próxima da Marinha Grande, "um erro grave que compromete o futuro do Centro do país".

"O traçado atualmente aprovado já foi sujeito a estudos técnicos rigorosos, avaliações ambientais exigentes e decisões de planeamento democraticamente validadas", salientou a IL, argumentando que "alterar agora esse percurso seria desperdiçar anos de trabalho, fragilizar a credibilidade do projeto e atrasar novamente a modernização ferroviária em Portugal".

Um estudo desenvolvido pela GV Consultores de Engenharia em parceria com a ADFERSIT -- Associação para o Desenvolvimento dos Transportes em Portugal e a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), para um novo traçado entre o Porto e Lisboa, correspondente à ligação entre Soure e Carregado, defende a passagem da linha pela margem esquerda do Tejo, beneficiando diretamente localidades como Santarém, Almeirim, Ourém e Fátima, bem como várias cidades do Médio Tejo, entre as quais Entroncamento, Tomar e Abrantes, estendendo a ligação a Castelo Branco, Covilhã e Guarda.

A proposta prevê subestações intermédias de Leiria/Fátima e Santarém que respondem a dinâmicas regionais e turísticas, como o turismo religioso em Fátima, estimando captar parte dos cinco milhões de visitantes anuais, e o desenvolvimento industrial em áreas como Marinha Grande e Leiria.

O documento foi apresentado na quarta-feira aos autarcas da do Médio Tejo, tendo a respetiva Comunidade Intermunicipal (CIM) manifestado satisfação, destacando os benefícios para a coesão territorial.

No dia seguinte, o presidente da Câmara de Santarém, João Teixeira Leite (candidato nas eleições autárquicas pela coligação PSD/CDS-PP), defendeu a inclusão de Santarém no traçado da futura LAV pela "oportunidade de transformação" para o concelho e para as sub-regiões do Médio Tejo e da Lezíria.

O Núcleo Territorial de Leiria da IL destacou ainda que a Região de Leiria "é um dos motores da economia nacional", pelo que afastar a LAV desta região "é penalizar a competitividade de Portugal e enfraquecer a sua coesão territorial".

"É importante recordar que quem defende este desvio já está hoje servido por uma infraestrutura ferroviária moderna --- a Linha do Norte --- que garante ligações rápidas e frequentes a Lisboa e ao Porto", enquanto Leiria "continua sem uma verdadeira solução ferroviária", pois a Linha do Oeste não responde "às necessidades de mobilidade da população nem da economia regional".

Para a IL, "o Governo deve cumprir o traçado aprovado e garantir que Leiria está no centro da mobilidade do futuro".

A CIM da Região de Leiria manifestou "perplexidade e total oposição" àquela proposta "desenvolvida por interesses económicos privados e com o patrocínio da CIP", que "não acrescenta qualquer valor ao processo em curso, antes introduzindo confusão e aleatoriedade num projeto nacional já sujeito a sucessivos atrasos".

Também a Associação Empresarial da Região de Leiria/Câmara de Comércio e Indústria (NERLEI CCI) expressou total oposição à eventual alteração do traçado da alta velocidade e demarcou-se da CIP, da qual é associada.

Já o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes (PS), recandidato ao cargo nas autárquicas, disse estar certo de que o Governo cumprirá os compromissos assumidos com a região nesta matéria, defendendo que o executivo e entidades responsáveis "têm de rejeitar, de forma inequívoca, qualquer tentativa de reabrir" este processo.

Por seu turno, a candidatura Avançar Leiria (BE, Livre e PAN) manifestou a "mais profunda preocupação" com a proposta que, a concretizar-se, "configuraria um erro de proporções históricas".

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