Fogos e indústria de "pellets" podem devastar a floresta portuguesa

por Nuno Patrício, Pedro A. Pina - RTP
Domingos Patacho - Coordenador na área das florestas da Quercus Foto: Pedro A. Pina

As florestas são vitais para a vida no nosso planeta e para todos os seres vivos. Atualmente estima-se em 30%, o valor da superfície terrestre ocupado por esta mancha verde. Em Portugal a floresta acompanha o ritmo mundial, podendo estar em causa um dos sectores naturais que atraía riqueza e turismo.

Floresta: Área de terreno com elevada taxa de arbustos de grande porte (árvores).

Esta é a designação mais comum e geral que encontramos para o que chamamos de floresta, mas afinal o que é mesmo uma floresta?



As florestas são vitais para a vida no nosso planeta e para todos os seres vivos, inclusive a do ser humano. Atualmente estima-se em 30%, o valor da superfície terrestre ocupado por esta mancha verde que pode ter duas formações, naturais e artificiais.

Uma floresta de formação natural é o habitat de muitas espécies de animais e de plantas e a sua biomassa por unidade de área é muito superior se comparada com outros biossistemas.

Além disso, a floresta é uma fonte de riquezas para o homem: fornece madeira, resina, celulose, cortiça, frutos, bagas, é abrigo de caça, protege o solo da erosão, acumula substâncias orgânicas, favorece a piscicultura, cria postos de trabalho, fornece materiais para exportação, melhora a qualidade de vida.



Já as florestas plantadas são muitas vezes criadas com objetivos específicos e tanto podem ser formadas por espécies nativas como exóticas.

É um tipo de florestas utilizado para fins específicos e uso em processos que beneficiem da uniformidade da madeira produzida, como a produção de celulose.

O cultivo de florestas passa pela implantação; um período de crescimento onde são necessários tratos silviculturais e um período de colheita.

A floresta natural mais conhecida é a floresta amazónica, maior que muitos países e considerada por muitos os "Pulmões do Mundo". Infelizmente não é, pois está provado cientificamente que a floresta amazónica consome cerca de 65% do oxigénio que produz (com a fotossíntese), com a respiração e transpiração das plantas. Logo resta 35% para o mundo.

Um problema que se junta a um outro maior. Com o avanço civilizacional, a floresta a nível global tem sido sujeita a uma quebra acentuada. Segundo a Greenpeace, 80% das florestas primárias (ou virgens) do planeta já foram degradadas ou destruídas.


Como "respira" a floresta em Portugal?
E em Portugal, como estamos de floresta? Domingos Patacho, coordenador da Quercus para a área das florestas, afirma que estamos no considerado meio termo.

Domingos Patacho, diz que a floresta portuguesa mudou ao longo dos anos e está gradualmente a diminuir.




O coordenador da Quercus para a área das florestas explica que as florestas em todo o mundo estão a ser afectadas devido à procura de matéria prima e diz que, só em 2013, o homem abriu 25 milhões de quilómetros de novos caminhos na natureza.

Relativamente a Portugal existem dois graves problemas que destroem anualmente milhares de hectares de floresta: os incêndios e as novas indústrias que vão utilizar matéria prima das florestas.



O Online da RTP procurou esclarecer estes e outros assuntos junto do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), através de uma entrevista, mas até ao final da elaboração desta reportagem não obteve qualquer resposta.

Dados recentes divulgados pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, revelam que as florestas em todo o mundo estão a sofrer um rápido problema de “erosão” por mão humana.

Nos gráficos apresentados, retirados de observações feitas pelo satélite "Landsat" nos últimos anos pode-se verificar as diferenças ocorridas no solo português.

Um problema que se agravou na última década com o aumento de fogos florestais em Portugal.





Em Portugal, quase 40% da área do território é ocupada por florestas, maioritariamente associada a monoculturas de pinheiro bravo e de eucalipto, mas também por montados de sobreiros e de azinheiras protegidos, entre outros povoamentos florestais com reduzida expressão.

Os carvalhais autóctones apenas ocupam 5% da área florestal e, apesar da sua importância ecológica, não têm qualquer estatuto de protecção, situação que devia ser alterada.

A floresta tem também um papel relevante ao nível económico e social, sendo que actualmente representa quase 12 por cento das exportações portuguesas, nas rubricas do eucalipto, do pinho e da cortiça.

Domingos Patacho, da Quercus, explicou ao Online da RTP quais são as características de duas das espécies predominantes em Portugal - o pinheiro e o sobreiro.



Segundo os últimos dados disponiveis de 2013, do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), a árvore dominante no território nacional é o eucalipto, com 26% da ocupação, equivalente a 900 mil hectares. Segue-se o pinheiro-bravo e o sobreiro com 23%, correspondendo a cerca de perto 1400 mil hectares e o pinheiro de floresta.

Em quarto lugar no ranking de ocupação do solo estão as azinheiras com 11%, seguindo-se outras espécies como o pinheiro-manso, carvalhos, castanheiros, entre outras espécies com menor exposição territorial.

A propriedade florestal em Portugal é maioritariamente privada, com mais de 80 por cento da área total detida por pequenos proprietários de cariz familiar, e uns 6,5% pertencentes a empresas industriais.

As áreas públicas correspondem a cerca de 15,8% do total, dos quais apenas 2% (a menor percentagem da Europa) são do domínio privado do Estado.

Do ponto de vista de transacções comerciais, as florestas nacionais contribuem para o mercado internacional com produtos como cortiça, madeira e produtos com base na resina, mobiliário, bem como pasta de papel, papel e cartão.

Mas não só: a floresta nacional, numa escala mais local, contribui ainda com a produção de frutos secos (castanha, pinhão) e atractivos de turismo e lazer como a caça, pesca desportiva e actividades ao ar livre.

A floresta em Portugal é ainda uma forte base no sector económico nacional contribuíndo para o PIB e gerando mais de 100 mil empregos directos, correspondendo a cerca de 2% da população activa em Portugal.
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