Glaciares da Gronelândia derreteram até ponto sem retorno

por RTP
Alister Doyle - Reuters

Os glaciares e as calotas polares dos pontos altos da costa da Gronelândia que têm vindo a derreter nos últimos anos já não poderão regenerar-se, sugere um estudo agora publicado.

Os investigadores relatam, na Nature Communications, que os processos de derretimento em causa passaram um ponto sem retorno há 20 anos, em 1997. Os glaciares e as calotas polares mais pequenas da costa já não poderão recuperar o gelo perdido.O estudo dá importantes pistas sobre o motivo pelo qual o gelo da Gronelândia estar a derreter tão rapidamente.


O estudo sugere que a perda de gelo no litoral da Gronelândia vai ter como consequência a subida do nível global do mar em cerca de 3,8 centímetros até ao ano de 2100.

"A camada profunda de neve que normalmente captura a água derretida na costa preencheu a sua capacidade em 1997. Essa camada encontra-se congelada desde então”, refere a investigação.

Ian Howat, o glaciologista da Universidade Estadual do Ohio que faz parte da equipa  internacional que desenvolveu o estudo, menciona que, apesar de ser “uma má notícia, não é uma causa imediata de pânico”. E acrescenta que “os resultados aplicam-se apenas à quantidade pequena de gelo ao longo da costa e não ao Manto de Gelo da Gronelândia”, a segunda maior reserva de gelo do mundo.





No inverno, aquela água volta a congelar e a massa total de gelo mantém-se mais ou menos estável de ano para ano. Contudo, a subida das temperaturas afetou o equilíbrio dos ciclos e a quantidade de gelo que derrete é tão elevada que a neve compactada fica saturada e a nova água que chega já não pode ser absorvida, fluindo para o mar.

Há 20 anos os cientistas não conseguiam detetar o fenómeno, pois careciam de três mecanismos essenciais: um modelo topográfico de alta resolução, um mapa detalhado dos limites das calotas de gelo e um modelo numérico de alta resolução dos processos de drenagem.

Além da Universidade do Ohio, participaram no estudo cientistas de universidades de Utrecht e de Delft, na Holanda, de Zurique e de Friburgo, na Suíça, além do Observatório Geológico da Dinamarca e da Gronelândia e do Instituto Polar Norueguês.

Os glaciares periféricos e as calotas polares da Groenlândia representam 12 por cento da área glaciar do mundo e cobrem uma área total de 90 mil quilómetros.
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