Icebergue gigante desintegrou-se na Antártida

por RTP
Os investigadores garantem que continuarão a seguir não só o impacto deste “corte” no Larsen C como também o percurso que o icebergue fará ao longo do tempo NASA/ Reuters

O fenómeno ocorreu entre segunda e quarta-feira e foi registado pelo satélite da NASA Aqua MODIS. Com um tamanho de aproximadamente cinco mil quilómetros quadrados e um peso de um bilião de toneladas, este icebergue não terá, para já, qualquer impacto na subida do nível do mar.

“Este icebergue é um dos maiores alguma vez registados e é complicado prever qual será o seu futuro. Mantém-se intacto, mas muito provavelmente partir-se-á em vários blocos. Alguns desses blocos de gelo permanecerão no mar durante décadas, enquanto outros seguirão caminho para norte, em direção a águas mais quentes”, disse Adrian Luckman, professor na Universidade de Swansea e investigador no projecto MIDAS.

De acordo com Luckman, este evento já estava a ser seguido durante meses e foi considerado surpreendente o tempo que o icebergue levou até se libertar por completo da plataforma de gelo. Os investigadores garantem que continuarão a seguir não só o impacto deste “corte” no Larsen C como também o percurso que o icebergue fará ao longo do tempo.

O desenvolvimento da fenda na plataforma de gelo que deu origem à rutura do icebergue foi acompanhado ao longo deste ano, através do satélite da Agência Espacial Europeia Sentinela-1, que faz parte do Componente Espacial Europeu Copérnico. Este satélite tem a capacidade de captar imagens durante todo o ano, principalmente no período da escuridão polar que se dá todos os invernos naquela região.

Este icebergue, que tem duas vezes o tamanho do Lago Erie, um dos maiores da América do Norte, não terá qualquer impacto na subida do nível do mar, porque, segundo os especialistas, já se encontrava a flutuar antes de se separar da plataforma Larsen C, que se encontra perto da Península Antártica.

Os investigadores do projeto MIDAS têm controlado a grande fenda na Larson C durantes vários anos, sendo que Janeiro, Maio e Junho deste ano foram os meses em que a brecha mais aumentou. O icebergue chegou a estar preso por um “fio” de apenas 4,5 quilómetros.

Segundo Martin O’Leary, glaciologista na Universidade de Swansea e membro da equipa no projeto MIDAS, “apesar de ser um evento natural e nós não estarmos a par de qualquer ligação com as mudanças climáticas por parte do Homem, isto coloca a plataforma de gelo numa posição muito vulnerável. É o maior retrocesso de sempre por parte da frente glaciar gravado na história”.
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