Tiago Oliveira: a contestação "tem que aumentar"

por Antena 1

O novo secretário-geral da CGTP não tem dúvidas que a contestação "tem que aumentar", apela a uma grande participação dos trabalhadores no próximo 1º de maio e adianta que não é possível esperar até 2028 por um salário mínimo de 1000 euros. Para a CGTP, esse aumento tem de acontecer ainda este ano.

Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Tiago Oliveira refere que os trabalhadores vivem um momento em que sentem "cada vez mais as amarguras da vida" e "se o país tem condições de responder a estas dificuldades e não há resposta, então “temos de nos fazer ouvir e não levar para casa o descontentamento". Neste sentido, apela a uma forte participação nas comemorações dos 50 anos do 25 de abril e no 1º de maio: "Os trabalhadores neste 1º de maio mais do que nunca têm de vir para rua e lutar por uma vida melhor", refere.

Entre as questões fundamentais que estão na base do descontentamento, destaca os salários baixos e adianta que "é impossível" esperar até 2028 para atingir os 1000 euros como propõe a AD. Por isso, considera "fundamental e necessário" um aumento intercalar para que os 1000 euros possam ser atingidos ainda este ano, tal como a CGTP já tinha proposto.

Mesmo sem conhecer o programa de Governo, mas a avaliar pelo passado e pelo programa eleitoral da AD, Tiago Oliveira não tem dúvidas: "Não vemos neste governo soluções para o país". O secretário-geral da CGTP acredita que a estratégia do PSD será a de tentar criar na sociedade a sugestão de que tem ideias progressistas, "o que não é verdade" e "perspetivando grande instabilidade na Assembleia da República" conclui que a AD acabará por avançar com medidas populares.

Não se pronuncia em concreto sobre se deve ou não existir um orçamento retificativo, mas acredita que há condições para avançar desde já com o suplemento de missão às forças de segurança e a contagem do tempo aos professores.

Nesta entrevista, Tiago Oliveira deixa ainda claro que "PSD e CDS não serão a resposta para o país" e em relação ao Chega justifica a sua ascensão com a capacidade do partido de canalizar o descontentamento dos trabalhadores "porque o capital também sabe jogar" e "jogou de forma a criar as condições para que as coisas continuem na mesma e se perpetuem".

Nesta entrevista, o secretário-geral da CGTP considerou ainda que seria um retrocesso não existir um ministro com a pasta do Trabalho e que o mesmo fosse incluído na Economia, como aconteceu no passado.

Sobre a possibilidade de, estando o PS na oposição, a UGT estar mais disponível para o diálogo, Tiago Oliveira afirma-se sempre disponível para dialogar, mas mantendo sempre aquele que tem sido o caminho da CGTP.
Conversa Capital, entrevista de Rosário Lira (Antena1) e Catarina Almeida Pereira (Jornal de Negócios).
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