25 de Abril. Celebrações dos 50 anos arrancam já com olhos postos no centenário da democracia

por Lusa

As celebrações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 arrancaram hoje e entre momentos musicais, poesia e discursos, políticos mas também jovens já pensam nos próximos cinquenta anos de uma democracia que se quer centenária.

A abertura solene das comemorações do 50.º aniversário da "revolução dos cravos", no Pátio da Galé, em Lisboa, começou à hora prevista pelas 17:00 mas terminou bastante mais cedo do que o agendado, às 18:40.

Num palco montado em tons de verde e vermelho, com uma imagem de Salgueiro Maia, em pano de fundo estava também a chaimite "Bula", comandada pelo jovem capitão no 25 de Abril de 1974.

A Orquestra Geração começou por tocar "O Governo do Povo", tema original de Bruno Pernadas, composto a propósito desta celebração, e logo de seguida subiu ao palco a jovem de 28 anos Alice Neto de Sousa para ler um primeiro poema intitulado "Poeta", que tocou no tema do racismo e foi amplamente aplaudido pela plateia durante minutos.

Seguiu-se a condecoração de 30 militares de Abril, parte da cerimónia que era suposto demorar perto de uma hora mas acabou por decorrer em apenas 15 minutos, o que antecipou as intervenções das três maiores figuras do Estado: o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa.

Mas as celebrações dos 50 anos desde a revolução dos cravos não se limitaram a enaltecer os heróis do passado com Marcelo Rebelo de Sousa, a alertar: "Está nas nossas mãos fazer com que estes 50 anos do 25 de Abril sejam sementes do futuro e não apenas revivalismo do passado".

E precisamente a pensar no futuro, mais concretamente no dia 25 de Abril de 2074, foi colocada no palco uma "cápsula do tempo", pequena estrutura em cortiça na qual foram depositados objetos e que apenas será aberta quando a democracia atingir 100 anos.

O compositor Bruno Pernadas depositou nesta cápsula uma partitura do tema que compôs para as celebrações da data, a jovem poetisa Alice Neto de Sousa um manuscrito do poema "Março", que declamou na cerimónia; dois estudantes, um vencedor e outro finalista do Concurso Nacional de Leitura depositaram cartas dirigidas aos jovens de 2074 e Carolina Amaro, a mais jovem jornalista da redação do jornal `Público` depositou uma edição do jornal desta quarta-feira.

O coronel Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, subiu ao palco para colocar na cápsula a primeira edição do programa do Movimento das Forças Armadas e alguns objetos alusivos ao 25 de Abril.

O primeiro-ministro colocou na cápsula sementes de cravo, a flor que simboliza a liberdade e que usou na lapela, tal como o presidente da Assembleia da República, que depositou a reprodução das assinaturas dos deputados constituintes.

Sem cravo na lapela, o Presidente da República juntou a estes objetos uma edição da Constituição e o colar de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade, fechando a cápsula.

A pequena caixa, que o chefe de Estado fechou com alguma dificuldade para não estragar, foi entregue ao comandante-geral da GNR e vai ser instalada simbolicamente no Museu da Guarda Nacional Republicana no Quartel do Carmo.

Momentos antes, a Orquestra Geração tocou as `senhas` da revolução (`E Depois do Adeus`, de Paulo de Carvalho, e `Grândola Vila Morena`, de Zeca Afonso), com o ministro da Habitação e das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, na plateia a abanar ligeiramente as cabeças ao som das canções de intervenção.

Ouviu-se também a música `O Primeiro Dia`, de Sérgio Godinho, e o Hino Nacional, antes que a cerimónia terminasse, já de olhos postos nos próximos cinquenta anos de liberdade democrática.

Apesar dos pedidos das três principais figuras do Estado de que as comemorações se virem para o futuro, o presente imediato marcou, de forma lateral, a cerimónia.

Ao longo dos cerca de 100 minutos da cerimónia foram saindo várias notícias na comunicação social que davam conta que o Presidente da República admitia dispensar a audiência com o primeiro-ministro, por já circular na comunicação social uma lista completa dos ministros do futuro XXII Governo Constitucional.

"Se aquilo que corre na comunicação social for confirmado, dispensa-se uma audiência [com o primeiro-ministro]. Pelos vistos, fiquei a saber pela comunicação social", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, à porta do Palácio de Belém, em declarações à SIC-Notícias,.

À saída do Pátio da Galé, o chefe de Estado ficou em silêncio, e o primeiro-ministro acabou por comentar o episódio: "Já está entregue [a lista] ao senhor Presidente da República", respondeu brevemente.

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