Arqueólogo de Coimbra participa em projeto do British Museum no Iraque

por Lusa

O arqueólogo da Universidade de Coimbra (UC) Ricardo Cabral está no Curdistão, ao abrigo de um projeto do British Museum, para dar formação a iraquianos no levantamento e registo 3D de artefactos daquele país.

Ricardo Cabral desenvolve trabalho no Curdistão iraquiano desde 2012, integrando um projeto do Centro de Estudos de Arqueologia, Artes e Ciências do Património da UC e da Universidade da Pensilvânia em Kani Shaie, onde recorre à digitalização 3D para registar e preservar os objetos encontrados.

Face ao trabalho feito em Kani Shaie, o British Museum decidiu convidar o arqueólogo de Coimbra para integrar um projeto de formação e de investigação, no valor de 2,9 milhões de libras, que, ao longo de cinco anos, vai envolver 50 arqueólogos do Iraque.

O projeto, que arrancou em 2016, foi criado pelo British Museum como uma forma de garantir uma maior autonomia dos arqueólogos locais e de dotá-los de ferramentas que lhes permita executar um plano de gestão de emergência do património para monitorizar os locais arqueológicos do país que estão seguros, refere o British Museum, em nota enviada à agência Lusa.

Posteriormente, essas mesmas ferramentas serão "indispensáveis" para avaliar e planear os locais que tenham sido danificados pela presença do autoproclamado Estado Islâmico, que roubou e destruiu artefactos arqueológicos na região.

Ricardo Cabral está desde o início de maio a participar no projeto na província de Sulaymaniyah e deverá dar formação ao longo dos cinco anos do projeto.

No terreno, o investigador vai ensinar os participantes a fazerem "operações básicas com drone, execução de mapeamentos, levantamentos 3D, deteção remota de estruturas arqueológicas e registo 3D de peças arqueológicas", disse à agência Lusa Ricardo Cabral.

Os formandos iraquianos "percebem o potencial [das ferramentas tecnológicas]. Tendo em conta o passado recente, em que quer o Curdistão quer o Iraque sofreram com a presença do ISIS [autoproclamado Estado Islâmico] no terreno, percebem a necessidade de fazer registos mais aprofundados dos artefactos e dos sítios arqueológicos", sublinhou o arqueólogo da Universidade de Coimbra.

Segundo Ricardo Cabral, no terreno está uma equipa internacional de arqueólogos de diferentes países, que dão formação nas mais variadas áreas, como a arqueobotânica ou topografia, entre outras.

"A ideia é dotar os arqueólogos iraquianos de conhecimentos para poderem ser mais autónomos" no trabalho de investigação e de monitorização dos locais arqueológicos, realçou.

Para além da formação no terreno em sítios arqueológicos no Curdistão e no sul do Iraque, os arqueólogos iraquianos passam também seis meses em Inglaterra, numa formação dinamizada pelo British Museum.

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