Associação cultural Filho Único comemora dez anos com festa "única e irrepetível"

por Lusa

A associação cultural Filho Único assinala, no sábado, em Lisboa, dez anos a promover música dentro e fora de Portugal, com uma série de concertos com colaborações inéditas de artistas como B Fachada, Lula Pena e Vaiapraia.

"Como é uma coisa única e irrepetível decidimos desafiar alguns artistas a colaborarem. Tirando o Panda Bear, que vai tocar em nome próprio, todos os outros são colaborações inéditas entre os artistas", contou Afonso Simões, um dos elementos da Filho Único, em declarações à Lusa.

A SFUCO (Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense), nos Olivais, acolhe a festa que começa no Bar Tarde, pelas 18:00, com Primeira Dama e Vitor da Discoleção (DJ set), e prossegue no Salão Noite, pelas 21:00.

Para o Salão Noite estão marcadas as atuações de Panda Bear, Tropa Macaca + Vaiapraia, Ibrahima Galissa + Gabriel Ferrandini , Banda Cafetra + B Fachada e Gala Drop + Lula Pena + Maio Coopé + Niagara + Norberto Lobo + Tó Trips.

"Muitos destes artistas são agenciados por nós ou estão ligados à Filho Único de alguma forma. Norberto Lobo, Lula Pena e B Fachada estão na Filho Único praticamente desde o início, até das carreiras deles", referiu Afonso Simões.

Ao longo de dez anos de agenciamento de artistas e organização de concertos "houve muitas dificuldades". Aliás, "ainda há". "[Mas] valeu muito a pena porque, pelas nossas mãos, vimos crescer artistas", disse Afonso Simões.

Destacar apenas um ponto alto "é muito difícil". "Há muitas coisas que foram muito gratificantes", referiu, conseguindo no entanto destacar "a editora Príncipe, que nasceu da Filho Único".

"Ver estes miúdos [ligados à Príncipe], que vêm de situações sociais e económicas muito desprivilegiadas, estarem hoje em dia a subsistir só da música, que é uma coisa rara em Portugal, e a viajar pelo mundo inteiro, isso é uma coisa extremamente gratificante", partilhou.

Para Afonso Simões, responsável pelo agenciamento do músico norte-americano Ariel Pink, ver o artista "partir para uma editora maior e depois ter decidido voltar", foi também um momento gratificante.

"Momento baixo foi quando deixei de trabalhar com alguns artistas", disse.

Dos muitos concertos organizados pela Filho Único guarda na memória o que os são-tomenses África Negra deram no B.Leza, em julho de 2014.

"Trouxemo-los à Europa duas vezes e o concerto no B.Leza, esgotado, foi muito marcante. Foi recompensa do nosso trabalho, a nível de promoção. Eles não tocavam cá desde os anos 1980. São uma banda muito importante para todos os PALOP e fazem música que ainda tem margem para ser conhecida e reconhecida", afirmou.

O festival Zona Não Vigiada, em parceria com a Casa Conveniente, e cuja primeira edição decorreu em 2015, é outro acontecimento "muito significativo, um dos momentos altos dos últimos dez anos".

"Estávamos muito fechados no centro de Lisboa e, de repente, estávamos a fazer coisas em Chelas para as pessoas de lá. É uma coisa que achamos muito auspiciosa e pode ser um dos grandes passos a dar nesta cidade, sair do centro que está sobrepovoado e ir trabalhar mais para as franjas, que é o que já fazemos de outras formas", disse.

Com as noites Príncipe, nas quais atuam músicos e DJ da editora com o mesmo nome, a Filho Único traz "música da periferia para o centro". Na zona J de Chelas, está "a tentar fazer o inverso".

O festival não se realizou em 2016, mas regressou este ano. Para 2018 "não está garantido", mas Afonso Simões assegurou que a Filho Único está "a fazer todos os esforços para que esteja".

 

 

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