Autarca de Santo Tirso recorda Alberto Carneiro, "visionário excecional e retilíneo"

por Lusa

Santo Tirso, Porto, 15 abr (Lusa) - O presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, recordou hoje o escultor Alberto Carneiro, que morreu esta manhã, aos 79 anos, no Hospital de S. João, no Porto, como um "visionário excecional, retilíneo e forte nas relações pessoais".

"A notícia foi recebida por Santo Tirso com consternação porque Alberto Carneiro teve connosco uma relação de profunda afetividade. Nasceu no concelho [referindo-se ao período anterior à saída da Trofa do concelho de Santo Tirso], era uma pessoa com quem tivemos uma relação muito próxima. Foi o grande ideólogo do Museu de Internacional de Escultura Contemporânea (MIEC)", disse, à agência Lusa, Joaquim Couto.

O autarca recordou a altura, no início dos anos 1990, em que Alberto Carneiro o abordou com "o sonho genial" de fazer um museu ao ar livre com esculturas de todo o mundo, o qual veio a traduzir-se no MIEC, que atualmente tem 54 obras espalhadas por vários espaços públicos de Santo Tirso, distrito do Porto, sendo apoiado por um espaço-sede desenhado pelos arquitetos Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura.

"Era pessoa muito inteligente e com uma visão de futuro muito para além do nosso tempo. Era um visionário excecional, retilíneo e forte nas relações pessoais. Uma grande figura da escultura contemporânea do nosso tempo, que tem a sua obra espalhada pelo mundo", disse Joaquim Couto.

O presidente da Câmara de Santo Tirso lamentou que Alberto Carneiro - "uma pessoa muito simples, muito profunda, com uma jocosidade muito fina", como descreveu - não tenha assistido "por dias" à adjudicação da obra relativa ao projeto Centro de Arte Alberto Carneiro, espaço que a Câmara vai edificar na Fábrica de Santo Thyrso, antigo complexo têxtil que foi alvo de uma requalificação.

"Dentro de dias vai ser adjudicado. Queríamos que tivesse assistido pelo menos ao início de uma obra que o homenageia e cujo desenho e ideia acompanhou", referiu Joaquim Couto sobre um projeto orçado em 1,3 milhões de euros, que deverá ser inaugurado no final de 2018.

Em abril de 2015, a Câmara de Santo Tirso anunciou que o artista plástico Alberto Carneiro entregou ao concelho dez esculturas e 50 desenhos, numa doação avaliada em 1,5 milhões de euros, tendo manifestado intenção de aumentar o número de obras doadas.

O artista Alberto Carneiro morreu hoje, aos 79 anos, no Hospital de S. João, no Porto, onde estava internado, disse à Lusa fonte próxima da família.

Alberto Carneiro foi um dos nomes que mais "abriram novos caminhos para a prática artística em Portugal", na segunda metade do século XX.

Nasceu a 20 de setembro de 1937, em São Mamede do Coronado, concelho da Trofa, distrito do Porto, local ao qual se manteve ligado durante toda a vida.

Participou nas Bienais de Veneza e de S. Paulo, entre outras grandes exposições internacionais.

Nas antológicas da sua obra, contam-se as apresentadas na Fundação Calouste Gulbenkian e na Casa de Serralves, no Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra, no Centro Galego de Arte Contemporânea, no Museu de Arte Contemporânea do Funchal, e na Casa da Cerca, em Almada.

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