Amadora, Lisboa, 16 ago (Lusa) - A Câmara da Amadora concluiu as obras de reabilitação do cineteatro D. João V, na Damaia, que vai reabrir portas totalmente renovado no início de setembro, devolvendo à população um equipamento emblemático da cidade.
Câmara da Amadora reabre em setembro antigo cineteatro D. João V, na Damaia
"O projeto teve como objetivo recuperar um equipamento de referência, para que se torne um polo cultural importante da cidade", salientou, em declarações à Lusa, a presidente da autarquia da Amadora, Carla Tavares (PS).
As obras, num investimento de cerca de dois milhões de euros, preservaram a estrutura do imóvel, mas o projeto permitiu aumentar as valências artísticas do espaço, que passou a ter condições adequadas para receber conferências.
A inauguração do antigo cinema D. João V remonta a agosto de 1966, quando era propriedade da família Caneças, a partir de um projeto do arquiteto Luís Soares Branco, na atual freguesia de Águas Livres.
O imóvel, no Largo da Igreja, foi adquirido pela autarquia em 1990, durante a gestão CDU, passando a funcionar como sala polivalente, e reabriu seis anos mais tarde como cineteatro municipal, após obras de adaptação, que o dotaram de palco, teia e camarins.
Pela sala de espetáculos da Damaia passaram músicos como Bryan Adams, que viveu parte da adolescência em Cascais, mas também Jorge Palma, Dulce Pontes, Rui Veloso, Sérgio Godinho e Carlos do Carmo ou bandas como Resistência e Sétima Legião.
A Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, de Vasco Wellenkamp, a companhia de Olga Roriz, o Teatro da Malaposta, a Companhia de Teatro de Almada e o Teatro de Animação de Setúbal também passaram pelo espaço.
A sala encerrou a partir de 2001 e, apesar de iniciativas pontuais, como o lançamento do programa de reabilitação urbana Bairros Críticos, permaneceu fechada mais de uma década.
A recuperação avançou em 2013 e o cineteatro recuperou "as valências de teatro, cinema e artes cénicas, música e dança" e "também está preparado para conferências internacionais, porque possui duas salas para tradução simultânea", frisou Carla Tavares.
O projeto respeitou a estrutura da sala, acrescentando uma pala na entrada do edifício, mas manteve a escadaria de acesso ao bar, com o restauro de um painel do escultor Domingos Soares Branco.
As principais alterações residiram no auditório, com a renovação de todo o interior e um ligeiro avanço do palco, para instalação de quatro camarins (dois coletivos e dois individuais), além de uma sala de espera polivalente, para apoio aos artistas.
A teia, que antes apenas acomodava as varas de iluminação e projetores, permite agora a montagem de telas e cenários, melhorando as condições para as artes cénicas.
"Tudo o que foi colocado aqui dá-nos a garantia de que a sala terá uma boa resposta a nível de som, nomeadamente nos espetáculos de música", explicou Luís Mendes, da Divisão de Intervenção Cultural da autarquia.
A cabine de projeção está dotada de tecnologia digital e a lotação do auditório, com cerca de 400 lugares, inclui espaços para oito cadeiras de rodas de espetadores com mobilidade condicionada.
"Sempre foi uma sala muito acarinhada na cidade e depositamos grande esperança em que, rapidamente, as pessoas reencontrem o D. João V e se habituem à programação que a câmara vai ter para oferecer", salientou o técnico municipal.
Segundo a presidente da autarquia, "fazia todo o sentido ser uma companhia da cidade a inaugurar o espaço" e, por isso, o Quorum Ballet apresentará, a 05 de setembro, pelas 21:30, o seu espetáculo "Correr o Fado", que alia a canção tradicional portuguesa à dança.
A programação do renovado cineteatro D. João V será articulada com a oferta cultural no concelho, incluindo dos Recreios da Amadora, outro antigo cinema recuperado como espaço cultural para a cidade.