Cavalo de Ferro reedita dois clássicos da literatura há muito afastados das livrarias

por Lusa

Lisboa, 15 fev (Lusa) - "Coração duplo", do escritor francês Marcel Schwob, livro de 1831 que inaugurou um novo tipo de literatura fantástica, e "Casa de campo", de 1978, do premiado escritor chileno José Donoso, foram este mês reeditados pela Cavalo de Ferro.

Há muito afastados das livrarias, o livro de contos "Coração duplo", que marcou a estreia literária de Marcel Schwob, e o romance "Casa de campo", que valeu ao autor, José Donoso, o Prémio da Crítica de Espanha e o Prémio Nacional de Literatura do Chile, são dois livros que marcaram as suas épocas, o primeiro por ter inaugurado um estilo, o segundo por ser um romance de crítica subtil à ditadura chilena.

As histórias de Marcel Schwob baseiam-se no conceito aristotélico do "terror e piedade", que Schwob considerava deverem estar na base de toda a ficção.

São "histórias que inauguram um novo tipo de literatura fantástica, onde o absurdo e o sobrenatural se encontram com o humor negro, e o medo espreita na fantasia do sonho", diz a editora.

Considerada uma "obra fundamental" de Schwob, "Coração duplo" foi uma "influência maior para o surrealismo vindouro de André Breton ou o imaginário de Jorge Luís Borges", destaca a Cavalo de Ferro.

Sob o signo do "terror e piedade", desfilam, ao longo das páginas deste livro, cenários de banquetes faustosos na antiga Roma, ambientes góticos da Paris medieval ou relatos apocalípticos de sociedades futuras.

"Casa de campo" é uma alegoria sobre o poder e a rebelião, que na verdade retrata a psicologia decadente da estrutura social do Chile de Pinochet.

"Erguido ferozmente na placidez da casa de campo, o esplendor de pulsões reprimidas torna-se o início de uma rutura radical com a ordem imposta e a instauração de um novo mundo anárquico e exuberante", relata a editora.

Nesta história, a aristocrática família Ventura reúne-se todos os verões na rica e imponente propriedade de Marulanda, gozando a tranquilidade do campo longe da civilização.

Aproveitando a ausência temporária dos adultos por um dia, as trinta e três crianças presentes assumem o controlo da casa, transformando os luxuosos salões, escadarias, quartos e corredores labirínticos num domínio de transgressão, erótico e febril.

Este universo criado pelas crianças acaba por se revelar um mundo "mágico, anárquico e exuberante, mas igualmente perverso e doloroso", escreve a editora, na aresentação.

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