Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau apresenta ciclo de cinema lusófono

por Agência LUSA

A embaixada de Portugal em Bissau apresenta a partir de quarta-feira, e até final do mês, um ciclo de cinema lusófono, exibindo sete filmes na sala da biblioteca do Centro Cultural Português (CCP), com capacidade para 150 espectadores.

Em declarações à Agência Lusa, o director do CCP de Bissau, Luís Machado, adiantou que a mostra é um tributo aos realizadores lusófonos e que visa também "levar o cinema aos guineenses".

Na Guiné-Bissau não existe um único cinema, pois os antigos estão situados em edifícios totalmente degradados e sem condições, tendo o último, na sede da União Desportiva Internacional de Bissau (UDIB), sido destruído durante o conflito militar de 1998/99.

No entanto, em vários bairros de Bissau e em diferentes localidades do país existem pequenas salas comunitárias, em que, com a ajuda de várias baterias de automóvel, se consegue energia eléctrica suficiente para alimentar uma televisão e um vídeo.

Luís Machado adiantou que o primeiro filme a exibir é "Nha Fala", do cineasta guineense Flora Gomes, seguido, dia 10, pela película "Os Imortais", do realizador português António Pedro de Vasconcelos.

A 17 e 24 deste mês será efectuada uma homenagem ao cineasta português João César Monteiro, falecido no ano passado, com a exibição de "Recordações da Casa Amarela" e "A Comédia de Deus".

Todos os filmes começam às 19:00 locais (mesma hora em Lisboa).

No entanto, de quinta-feira a sábado desta semana, sublinhou Luís Machado, haverá mais três filmes, todos de autores lusófonos, integrados numa iniciativa que tem um carácter de surpresa, pois os títulos dos filmes só serão conhecidos no início da exibição.

"A ideia é levar as pessoas ao cinema pelo gosto do cinema, independentemente do filme a exibir", explicou Luís Machado, que indicou que a iniciativa se insere na visita de trabalho que o vice- presidente do Instituto de Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM) de Portugal, José Pedro Ribeiro, efectua actualmente ao país.

Segundo Luís Machado, o ciclo de cinema lusófono prolongar-se- á talvez por todas as quartas-feiras de Dezembro.

O Centro Cultural Português de Bissau está a envidar esforços para que o cinema "saia à rua", e nesse sentido está a ser estudada a possibilidade de instalar um ecrã gigante em plena Praça dos Heróis Nacionais, onde, todos os fins-de-semana de Dezembro, serão apresentados filmes ao ar livre.

A programação, que terminará no Dia de Natal, integra filmes de animação, de acção e "ligados ao espírito natalício" e "vocacionados para jovens", explicou Luís Machado.

A nível cultural, o centro vai apoiar também a realização, em meados de Dezembro próximo, do I Encontro Nacional de Cinema da Guiné- Bissau, com o objectivo de congregar esforços para definir uma nova política para o sector cinematográfico do país.

Em declarações à Lusa, o presidente do Instituto Nacional de Cinema (INC) guineense, o actor Carlos Vaz, indicou que, no encontro, deverá também ser aprovada a Lei Nacional do Cinema, que será, depois, submetida ao governo e, posteriormente, ao Parlamento.

A ideia com esta "acção estratégica" visa apoiar os produtores de cinema e realizadores - a Guiné-Bissau conta com cerca de uma dezena deles, na sua grande maioria no desemprego - de forma a assegurar a promoção e distribuição das obras cinematográficas.

A distribuição, explicou Carlos Vaz, terá de ser feita através de uma política adequada para o sector, tendo por base não só a nova Lei Nacional de Cinema, mas também através da regulamentação de produções e realizações, distribuição e exibição, taxas adicionais e os direitos de autor.

A Guiné-Bissau tem o seu expoente máximo na cinematografia no cineasta Flora Gomes, várias vezes premiado em festivais internacionais, entre eles os quais o de Cannes (França), mas conta também com outros realizadores, como Sana Na Hada, que, devido à inexistência de recursos financeiros, abraçaram outras profissões.

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