Exposição de Elisa Strinna aborda as redes invisíveis de organização do mundo

por Lusa

Uma instalação inédita da artista italiana Elisa Strinna, que aborda as redes invisíveis de organização do mundo, vai ser inaugurada na sexta-feira, na Fidelidade Arte -- Largo do Chiado, em Lisboa, foi hoje anunciado.

Pela primeira vez, a artista expõe o seu trabalho em Portugal, nesta mostra, intitulada "Sol Cego", com curadoria de Delfim Sardo, organizada pela Fidelidade Arte e a Culturgest, no âmbito do projeto de arte contemporânea "Reação em Cadeia".

Este ciclo prevê que os artistas, em reflexão com o curador, convidem sucessivamente os próximos artistas, que irão suceder-lhes, numa "reação em cadeia", no espaço da Fidelidade Arte, primeiro, e da Culturgest Porto, em seguida.

Com um trabalho que atravessa diferentes suportes e procedimentos, desde a escultura, performance ou vídeo, ao trabalho sonoro, Elisa Strinna tem vindo a desenvolver diferentes abordagens às questões de circulação de informação e de energia, procurando compreender as redes invisíveis de organização do mundo, segundo a descrição da curadoria.

Na instalação que concebeu especificamente para este projeto, a artista partiu do trabalho que desenvolveu e produziu durante um ano (2018/2019), no contexto de uma residência artística, na Jan van Eyck Academie, em Maastricht, na Holanda.

Expandiu depois o âmbito deste trabalho, cujo ponto de partida residiu nas redes de cabos subaquáticos que atravessam o oceano e transportam informação.

As esculturas, algumas das quais realizadas no Departamento de Cerâmica do Ar.Co - Centro de Arte & Comunicação Visual, em Lisboa, e na Fábrica Bordallo Pinheiro, nas Caldas da Rainha, aparentam uma "qualidade intemporal e um estatuto indefinido, como se tivessem sobrevivido à usura do tempo e ao desgaste da sua origem dúbia".

Nas palavras da artista, "é quase como se uma terceira natureza surgisse, indiscernível na simbiose entre o orgânico e o artificial".

A exposição inclui, ainda, duas obras novas: uma peça sonora e um vídeo.

A obra sonora "Blind Sun" (2019), concebida em colaboração com o músico italiano Francesco Roberto Dani, dá seguimento ao trabalho da artista acerca da transcrição de informação em partituras para serem interpretadas por instrumentistas ou cantores.

A obra que dá o título à exposição trata os nove elementos químicos mais relevantes que se encontram na composição do Sol, partindo do seu espetro.

Por um processo de codificação, esses espetros foram transformados em partituras interpretadas pela jovem cantora lírica portuguesa Beatriz Ventura, cujos registos -- submetidos a edição e pós-produção -- resultam numa composição sonora complexa.

O trabalho videográfico "Unproductive Glory" (2019) resulta de um processo de destruição por explosão de um conjunto de cabos numa instalação elétrica.

A artista Elisa Strinna, nascida em Pádua, em 1982, já expôs no Hong-Gah Museum, em Taipei (Taiwan, 2018), no Mart Museum, em Rovereto (Itália, 2015), no Giardini Greenhouse da Bienal de Veneza (Itália, 2015), no Espai d`Art Contemporani de Castelló (Espanha, 2013), entre outros.

A exposição "Sol Cego", com entrada gratuita, vai estar patente até 3 de janeiro.

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