Exposição "Pedro Tudela na Coleção de Serralves" mostra obras do artista de 1990 a 2019

por Lusa

"Pedro Tudela na Coleção de Serralves" é a nova exposição que esta instituição do Porto inaugura na quinta-feira e, embora não seja uma retrospetiva da obra do artista, revela quase 30 anos do seu trabalho.

"À boa maneira de [René] Magritte (pintor belga surrealista). Isto não é uma retrospetiva", sublinhou Pedro Tudela, artista plástico, músico e cenógrafo, que esteve hoje à tarde, na conferência de imprensa, na Fundação de Serralves, no Porto, para a apresentação da exposição "Pedro Tudela na Coleção de Serralves".

Pedro Tudela explicou que esta exposição reúne nove trabalhos que foram produzidos desde 1990 até 2019 e que a ideia foi pensar novamente todos esses elementos artísticos.

"Cada um tem a sua informação, o seu pretexto da altura, como é óbvio, mas vão agora, nesta exposição, conviver e vão relacionar-se. Ainda por cima, [para] quem trabalha com som, é obvio que as coisas se vão contaminando. É portanto, repensar um pouco - não refazer - como é que estas relações podem acontecer", acrescentou.

A exposição tem início (e termina) no átrio do Museu de Serralves com a obra intitulada "Rastos" (1997), em que se pode ver um megafone silencioso de onde saem fitas magnéticas virgens e bobinas, que se espalham no chão como rastos.

É um dos "primeiros exemplos da mudança de expressão plástica e conceptual de Pedro Tudela", em que a "presença do som é forte e inequívoca, pois todos os objetos que a compõem servem para armazenar e emitir som [...] que confere uma ambiguidade e uma multiplicidade de leituras à obra: o peso do silêncio, os vestígios de vida, como metáfora de ausência e de morte", lê-se no dossiê de imprensa entregue aos jornalistas.

Outra das obras que o artista destacou nesta mostra foi o trabalho "Sem título (da série `D`Heart Side`)", de 1994, "que tem que ver com ambiente hospitalar", na qual se observam três toalhas com cor vermelha, como de sangue se tratasse. Veem-se também corações pintados de vários tamanhos e formas, como se se representassem vários sentimentos, e a obra é ainda composta por uma cópia de uma imagem de uma enfermeira a pedir silêncio, que Pedro Tudela via sempre que tinha de ir ao hospital.

"A Idade do Cacifo", de 1997, é outra obra que o artista destacou e que, de certa forma, é um "clássico" na sua carreira, por ter sido uma das que mais vezes mostrou. Neste trabalho pode ouvir-se o som que sai do cacifo a arfar e se bate de dentro do cacifo para sair em liberdade.

"Há uma referência à adolescência, à idade do armário, a alguém que não se sente confortável no seu próprio corpo", acrescenta a nota de imprensa.

"Mute ... Life" é outro trabalho que compõe a exposição e que remete para a mostra de 1992, a que deu nome. Trata-se de uma pintura homónima composta por quatro partes e em que as quatro telas revelam interpretações da natureza orgânica, que lembram a vida mutante. A referência ao som é feita através da ausência de barulho.

A exposição "Pedro Tudela na Coleção de Serralves", que tem curadoria de Isabel Braga, abre ao público esta quinta-feira, dia 16 de setembro, e fica patente até 06 de março de 2022.

Pedro Tudela nasceu em 1963, em Viseu, licenciou-se em Pintura pela Escola de Belas-Artes do Porto, em 1987, e expõe desde o início dos anos 1980, participando em várias exposições coletivas e individuais, em Portugal e no estrangeiro.

Em 2003, cofundou a editora Crónica e, desde 2002, colabora com Miguel Carvalhais no projeto de música eletrónica @C.

É ainda professor auxiliar da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto.

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