Insígnas portuguesas enterradas com D. Pedro IV foram retiradas e serão expostas no Brasil

por Lusa

São Paulo, 25 fev (Lusa) - A pesquisa de investigadores brasileiros nos restos mortais da família imperial recolheu joias e insígnias portuguesas que foram enterradas com D. Pedro IV e suas duas esposas que serão depois expostas ao público.

De acordo com a historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel, responsável pela pesquisa, D. Pedro IV foi enterrado com uniforme militar e comendas portuguesas, sem nenhuma referência a seu passado como primeiro imperador do Brasil.

As comendas encontradas e recolhidas para preservação pertenciam às ordens: Torre e Espada, Banda das Três Ordens - ambas portuguesas - e Tosão de Ouro, cuja origem ainda não foi identificada.

"A ordem Tosão de Ouro possui várias vertentes na Europa e era usada apenas pelo Soberano ou herdeiro direto ao trono. Não sabemos se é da ordem espanhola, porque afinal era filho de Carlota Joaquina, ou se austríaca, já que era casado com Dona Leopoldina", explicou à Lusa a pesquisadora.

A identificação do uniforme militar português foi possível graças aos objetos em metal que compunham a farda como botões, brasões e esporas das botas.

No caso de Leopoldina, primeira mulher de D. Pedro IV, morta em 1826, identificou-se a partir de quadros de época que fora enterrada com o vestido imperial de gala, utilizado em eventos oficiais.

Detalhes do material ou do feitio - como os bordados em fio de prata - puderam ser observados a partir de um trabalho minucioso do instituto de física com equipamentos de infravermelho, segundo explicou a historiadora.

Junto ao esqueleto de Leopoldina foi encontrado ainda um par de brincos cujo material ainda não foi identificado. A historiadora lamenta que a imprensa brasileira tenha publicado tratar-se de "bijuteria", uma vez que os estudos ainda não foram finalizados.

"Trata-se de um brinco simples que possui uma pedra que ainda não podemos afirmar se é ou não resina. Mesmo assim, poderia ser âmbar, por exemplo, que é uma pedra extremamente cara. Na época nem existia bijuteria", ressalta.

A pesquisa foi realizada como trabalho de mestrado da historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel junto ao Museu de Etnologia e Arqueologia da Universidade de São Paulo (USP) entre fevereiro e setembro do ano passado e divulgada esta semana no Brasil.

Todos os objetos recolhidos foram inventariados e entregues ao departamento de Património Histórico da Prefeitura de São Paulo, que deverá cuidar de sua preservação e futura exposição ao público.

Os corpos de D. Pedro IV e de sua segunda mulher, Amélia, foram transportados do Panteão dos Braganças, em Lisboa, para São Paulo, em 1972 e 1982, após um acordo entre os Governos de Brasil e Portugal.

Leopoldina faleceu no Rio de Janeiro e seu corpo foi transportado para São Paulo em 1954. Seus túmulos ficam localizados na cripta do Monumento à Independência, no Ipiranga, em São Paulo, local onde D. Pedro terá proclamado a independência do país em relação a Portugal, em setembro de 1822.

 

 

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