Investimento na Viagem Medieval da Feira é de 1,5 ME sem contar com custo de obras

por Lusa

A 25ª edição da Viagem Medieval de Santa Maria da Feira arranca quarta-feira e envolve um orçamento "autossustentável" de 1,5 milhões de euros, ao qual acrescem despesas na requalificação de alguns imóveis situados nos 33 hectares do recinto.

Segundo revela à Lusa o diretor da empresa municipal Feira Viva, que assume a coordenação geral dessa recriação histórica do distrito de Aveiro, o evento "paga-se a si mesmo" com recurso a uma bilheteira na ordem dos 700.000 visitantes e também às verbas disponibilizadas por vários patrocinadores, mas a Câmara Municipal assume autonomamente as despesas de beneficiação em espaços que se mantêm operacionais na zona da festa durante o resto do ano, após os 12 dias de cartaz.

"Uma obra que foi totalmente suportada pela autarquia, por exemplo, é a requalificação da rede de iluminação da nova ecovia, que, apesar de ainda ser muito recente, foi logo vandalizada com pinturas nos postes de luz e o roubo das tampas que cobrem os circuitos elétricos", afirma Paulo Sérgio Pais, sobre a nova zona verde do evento.

A verba gasta na limpeza dessas estruturas ainda não foi apurada porque o arranjo está em curso, mas os estragos afetaram vários dos 124 pontos de luz nesse circuito de 2,5 quilómetros ao longo do rio Cáster e junto à mata das Guimbras, com passagem pelo prado onde decorrem os espetáculos de grande formato.

Com contas já fechadas está a recuperação da Fonte das Guimbras, construída em 1888, e a beneficiação da Casa do Moinho, que funciona como loja oficial da Viagem. Essas duas intervenções custaram 5.000 euros e somam-se a uma despesa de 50.000 com a infraestruturação do recinto, o que abrange a instalação de redes como as de água, saneamento e eletricidade em locais onde antes não havia atividade pública.

Entre as despesas paralelas suportadas pela autarquia, o gasto mais elevado é, contudo, o de 90.000 euros na "requalificação total" das instalações sanitárias das piscinas municipais da Feira, em concreto no balneário disponível para o público externo, que não é utente desse equipamento desportivo. Paulo Sérgio Pais diz que esse arranjo foi "ao pormenor" e aumentou significativamente a capacidade dos principais sanitários do recinto, entre as praças de restauração e a plateia dos espetáculos-âncora.

Nesse prado com vista para as três maiores produções cénicas da Viagem também há investimento novo, mas é suportando pelo orçamento geral de 1,5 milhões da Feira Viva. Na última edição do evento, em 2019, era por esse relvado que se dispunham bancos de madeira e duas bancadas de ferro para uma capacidade total na ordem dos 1.200 lugares, mas este ano os assentos artesanais foram substituídos por mais uma estrutura metálica, o que aumenta a lotação global do relvado para 1.564 espetadores sentados.

"No total, só nestes lugares sentados, o custo é de 20.000 euros", refere o diretor-geral da recriação, salientando que aos espaços das bancadas se podem juntar ainda "umas quantas centenas" de observadores em pé.

O grosso do orçamento da Viagem distribui-se, no entanto, por estruturas físicas, adereços, recursos cénicos, artistas, figurantes e voluntários. Alguns números em concreto refletem a dimensão desse esforço financeiro: o evento terá 2.000 pessoas a trabalhar diariamente no recinto, incluindo 300 voluntários remunerados; vai apresentar um total de 1.600 performances de animação, entre as quais 80 espetáculos por dia de pequeno, médio e grande formato; integrará 193 bancas de artesãos, mercadores e regatões, assim como 19 tabernas; e irá acolher 20 áreas temáticas, que abrangem desde jogos infantis até falcoaria e ainda banhos e massagens.

Após uma interrupção de dois anos devido à pandemia de covid-19, a 25.ª Viagem é dedicada aos vários reinos abordados nas 24 anteriores edições do evento, cobrindo em 12 dias os nove reinados da Primeira Dinastia, que esteve no poder de 1143 a 1383.

O acesso ao recinto da recriação, no horário das 14:00 à 01:00 em dias úteis e das 12:00 à 01:00 aos sábados e domingo, implica a aquisição de bilhetes de 4 ou 5 euros ou, em alternativa, a compra de uma pulseira livre-trânsito que pode custar 8, 9 ou 10. A entrada agora só é gratuita para crianças menores de 3 anos, sendo que a autarquia já ofereceu cerca de 13.000 pulseiras a estudantes que residem no concelho e frequentam até ao 9.º ano de escolaridade.

Aos valores da entrada geral pode acrescer o do acesso a algumas áreas temáticas, a preços entre os 1,5 e os 3,5 euros. A organização também vende packs especiais com merchandising, por 32 a 40 euros, e ainda bilhetes-experiência de 15 a 300 euros, como os que conferem acesso a trajes típicos da Idade Média, à participação num combate de guerreiros ou a uma cerimónia de casamento.

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