Kalandraka cria chancela para intercâmbio das literaturas portuguesa e espanhola

por Lusa

A editora Kalandraka criou uma chancela -- Confluências - que pretende "ser um abraço" entre a língua espanhola e a portuguesa, no âmbito da qual acaba de lançar em Espanha dois livros dos escritores portugueses José Gardaezabal e Patrícia Reis.

Em Portugal, a Confluências vai publicar, no dia 24, "As Meninas-Prodígio", da escritora e jornalista Sabina Urraca, uma tragicomédia em vários atos e um conto com tons de terror gótico, mas principalmente um relato contemporâneo sobre a identidade, que arranca num presente imperfeito, para regressar a todas as idades de uma mulher, adiantou.

Iniciada em novembro de 2018, com a publicação de "Sete Casas em França", do escritor basco Bernardo Atxaga, e "O Último Dia da Terranova", do galego Manuel Rivas, a chancela Confluências tem como objetivo divulgar obras em destaque das diversas línguas faladas em Espanha, mas também da América Latina, em Portugal.

No sentido inverso, pretende publicar e divulgar obras de língua portuguesa em Espanha, o que acontece este mês com os romances "Meio Homem Metade Baleia" ("Médio hombre mitad ballena"), de José Gardeazabal, e "Por Este Mundo Acima" ("Sobre las ruinas del mundo"), de Patrícia Reis.

Com a publicação destes dois títulos portugueses em Espanha, a Kalandraka pretende dar início ao que quer que se torne "um abraço entre línguas, uma correspondência generosa e, sobretudo, uma nova fantasia editorial".

"As Meninas-Prodígio", título que chega esta semana às livrarias portuguesas, é uma obra parcialmente autobiográfica, movida pelo estigma do amor por um homem mais velho e alcoólico, na voz de uma narradora pansexual, provocadora e sentimentalmente voraz, afirma a editora.

"Dificilmente encontraremos uma autora que questione de forma tão genuína o mundo que a rodeia, sem perder de vista a busca do seu mais íntimo centro de gravidade permanente", acrescenta.

"Meio Homem Metade Baleia", editado em Portugal em janeiro de 2018 pela Companhia das Letras, é o romance de estreia de José Gardeazabal (pseudónimo de José Tavares), que consiste numa "desconstrução dos lugares confortáveis do Ocidente", e retrata um mundo em que a desumanização parece irreversível, com um muro a dividir os homens.

O romance "Por Este Mundo Acima", editado pela D. Quixote em 2011, é uma "história sobre a importância redentora dos livros", passada num cenário pós-apocalíptico, depois de um terrível desastre assolar Lisboa.

Quanto aos livros que inauguraram este projeto, "O Último Dia da Terranova" centra-se numa livraria com esse nome, que durante décadas serviu de refúgio a dissidentes, perseguidos, livros proibidos e contrabandistas de cultura, e que corre perigo de desaparecer, vitima da ambição de especuladores imobiliários.

Em "Sete Casas em França", o autor aborda o negro episódio da História do genocídio no Congo belga, numa prosa cujo tom oscila entre o cómico e o grotesco, a ironia e o sarcasmo.

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