Matosinhos lamenta morte e lembra escultura pública do artista

por Lusa

A Câmara Municipal de Matosinhos lamentou hoje a morte do artista Julião Sarmento, em Lisboa, e lembrou que acolhe a sua primeira escultura pública em Portugal, "Dois Gémeos", de homenagem aos irmãos Passos, protagonistas do liberalismo, exposta na marginal.

"A Câmara Municipal de Matosinhos lamenta profundamente a morte de Julião Sarmento, um dos nomes mais internacionais da arte contemporânea portuguesa, e expressa as mais sentidas condolências à sua família", manifestou esta autarquia do distrito do Porto, numa publicação na sua página oficial.

Fazendo uma retrospetiva do percurso profissional do artista, a câmara sublinhou que a primeira escultura pública de Julião Sarmento, em Portugal, inaugurada em 2016, está no passeio da praia, na marginal de Matosinhos, tendo sido inaugurada pelo primeiro-ministro, António Costa.

Apelidada de "Dois Gémeos", em homenagem aos Irmãos Passos, naturais deste concelho - Manuel e José da Silva Passos -, a escultura é uma das duas únicas obras públicas do artista em Portugal, estando a segunda no Porto ("Self-portrait as a fountain", na Rota da Água, nos jardins de Nova Sintra, das Águas do Porto), ressalvou a câmara de Matosinhos.

Este conjunto escultórico teve como principal objetivo assinalar o "pioneirismo e o génio destes dois filhos da terra e defensores da democracia e da liberdade", explicou.

Manuel e José da Silva Passos são duas figuras-chave do liberalismo português do século XIX, inspirado nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, que prevaleceram da Revolução Francesa.

A ligação de Matosinhos a Julião Sarmento não ficou pela escultura "Dois Gémeos", salientou a câmara, acrescentando ter tido "outro momento alto" na altura em que o município foi Capital da Cultura do Eixo Atlântico.

Nessa ocasião, o artista expôs as suas obras na Galeria Municipal, de 22 de julho a 15 de outubro de 2016, apresentando o seu trabalho a um público generalizado.

"De salientar que duas das obras que estiveram expostas em Matosinhos, datadas de 1966, nunca antes tinham sido mostradas em público", vincou a câmara.

Posteriormente, em maio de 2019, a Galeria Municipal de Matosinhos voltou a expor obras do artista na exposição conjunta "Mesa dos Sonhos", que reuniu também, e pela primeira vez, obras de Helena Almeida, José Pedro Croft, Leonor Antunes e Pedro Cabrita Reis, contou a câmara.

O artista plástico Julião Sarmento, um dos mais internacionais artistas portugueses, morreu hoje, em Lisboa, aos 72 anos.

Está representado em mais de 70 coleções internacionais, como as do Centre Pompidou, em Paris, Museu Guggenheim e MoMA, em Nova Iorque, Tate Modern, em Londres, o Museu Hara, de Tóquio, sem esquecer o Museu Nacional de Arte Contemporânea, a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e a Fundação de Serralves, no Porto, assim como a Coleção da Caixa Geral de Depósitos.

Representou Portugal na Documenta de Kassel (1982, 1987), para a qual foi o primeiro artista português selecionado, no início da década de 1980, na Bienal de Veneza (1997) e na Bienal de São Paulo (2002), foi alvo de uma retrospetiva no Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Nice (2014).

Em 2012, o Museu de Serralves, no Porto, organizou a mais completa retrospetiva até hoje realizada do seu trabalho, uma obra que mereceu também o reconhecimento com a atribuição do Prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA).

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