Modelo de estátua de Machado de Castro que vai a leilão proposto para Tesouro Nacional

A empresa pública Museus e Monumentos de Portugal (MMP) abriu o processo de classificação de um modelo da estátua pedestre de José I, da autoria de Joaquim Machado de Castro, que vai a leilão em Lisboa este mês.

Lusa /

De acordo com o anúncio publicado hoje em Diário da República, datado de 28 de novembro, o despacho do presidente da MMP, por sua vez com data de 26 de novembro, determina "a abertura do procedimento de classificação como bem móvel de interesse nacional do modelo em barro da estátua pedestre de D. José I (1714-1777), da autoria de Joaquim Machado de Castro (1731-1822), cuja proteção e valorização representa um valor cultural de significado relevante para a Nação".

Num parecer, a diretora do Museu Nacional Machado de Castro, Sandra Saldanha, pede não só a classificação da obra, mas também que seja garantida a sua aquisição, por via do direito de preferência, devido ao "inegável interesse nacional" da peça e ao valor por que está avaliada.

Na fundamentação, é lembrado que aquele museu nacional, localizado em Coimbra, se encontra "atualmente a desenvolver uma nova museografia, prevendo a criação de um espaço dedicado ao patrono do Museu na sua exposição permanente, onde será exposto o modelo em barro da estátua equestre do rei D. José, classificado em 1970 e recentemente adquirido pela MMP para o acervo do referido museu e onde o modelo em apreço teria, provavelmente, lugar".

Esta referência é a um modelo em barro para uma estátua equestre do rei, adquirida em 2024 pela MMP por 123 mil euros.

O modelo que está agora proposto para classificação é o de uma estátua pedestre do mesmo rei, que vai a leilão no dia 15 com um valor-base entre 4.000 e 6.000 euros, algo que é assinalado por Sandra Saldanha no seu parecer.

Esta escultura em barro "corresponde à segunda etapa do processo de criação de uma estátua pedestre de D. José I", segundo a descrição feita pela MMP, sendo o primeiro um modelo em cera que faz parte do acervo do Museu de Lisboa.

"O modelo do Museu de Lisboa foi vendido num leilão da casa Dinastia, realizado a 20 de março de 1975, tendo como proveniência a família dos marqueses de Pombal. Curiosamente, o primeiro modelo em cera da estátua equestre ainda hoje se conserva em propriedade da mesma família", lê-se na documentação da MMP.

Por seu lado, no `site` da Cabral Moncada Leilões pode ler-se que, "com o aparecimento deste modelo de barro, o exemplar em cera passa a ser entendido como o ponto de partida de um projeto escultórico para uma estátua pedestre de D. José I, possivelmente destinada a uma praça, à semelhança da célebre estátua equestre [que está na Praça do Comércio, em Lisboa]".

A peça terá sido começada a ser trabalhada cerca de 1775, sendo "evidente que o falecimento do monarca [em 1777] ditou o abandono do projeto", segundo a descrição da MMP, que indica que o modelo terá ficado na posse do escultor nascido em Coimbra, até à sua morte, em Lisboa, em 1822.

Este texto da MMP sugere que a obra se destinava não a uma praça, mas "muito provavelmente" à Real Biblioteca Pública da Corte, antecessora do que é hoje a Biblioteca Nacional.

Joaquim Machado de Castro era filho de um organista e barrista, com quem terá iniciado os estudos artísticos. Ainda em Coimbra, estudou latim com os jesuítas antes de, aos 14 anos, se mudar para Lisboa, "onde prosseguiu a aprendizagem de santeiro iniciada com o pai", recorda a biografia do artista.

"Figura singular no panorama artístico português", deixou trabalhos na Basílica da Estrela, no Palácio Nacional da Ajuda e na Sé Catedral de Lisboa, entre muitos outros locais.

 

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