Nova peça da coreógrafa Olga Roriz vive o momento depois da catástrofe

por Lusa

A coreógrafa Olga Roriz criou "Síndrome", uma peça que explora o momento "inóspito e de imaginação" vivido depois da catástrofe, com estreia marcada para sexta-feira, no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa.

Contactada pela agência Lusa sobre a estreia da nova peça de dança, Olga Roriz explicou que o espetáculo vem no seguimento da criação estreada no ano passado, "Antes que matem os Elefantes", sobre o sofrimento do povo sírio provocado pela guerra no país.

"Surgiram-me várias questões, porque eu não queria manter-me nesse lugar específico, e falar apenas na guerra da Síria. Este novo espetáculo acabou por se basear naquele momento vivido depois de uma grande catástrofe na vida, na forma como se vive interiormente", apontou.

Para Olga Roriz, depois de um acontecimento catastrófico, seja a nível mais pessoal - a morte de um ente querido, a perda da casa ou do emprego - ou mais global, como uma guerra ou calamidade natural, com grande destruição de vidas e bens, resta "uma terra de ninguém, um lugar de encontro interior, consigo e com os outros, para depois recomeçar".

A coreógrafa quis que a guerra na Síria fosse o palco de "Antes que matem os Elefantes" para funcionar como um alerta para uma reflexão coletiva sobre o conflito naquele país.

Agora, com os mesmos sete bailarinos da peça anterior, o cenário elaborado desapareceu, ficando apenas alguns objetos que pediu aos intérpretes para trazerem: "O que levamos quando saímos de casa a correr, quando acontece uma tragédia".

Há uma mala de viagem, uma coleção de livros rasgados, num cenário "que é uma mescla de um espaço inóspito, mas também de imaginação".

Sobre o título - "Síndrome" - a coreógrafa referiu que significa toda a situação terrível da vivência desse momento depois da catástrofe, que apresenta um conjunto de sinais malignos".

Questionada sobre se, ao criar a nova peça, também pensou nos incêndios que assolaram o centro do país nas últimas semanas, provocando 62 mortos, Olga Roriz disse que esta criação "representa qualquer catástrofe, que pode ser económica, por atingir a vida das pessoas, guerra, ou incêndios devastadores como o de Pedrógão Grande".

Ao contrário de "Antes que matem os Elefantes", onde existia um alerta para a guerra da Síria, "Síndrome", segundo a autora, "pede reflexão sobre um momento em que não há luz ao fundo do túnel e a beleza não existe".

A coreógrafa disse à agência Lusa que depois da estreia, no São Luiz Teatro Municipal, na sexta-feira e sábado, às 21:00, e no domingo, às 17:30, a companhia irá em digressão pelo país, começando por Aveiro.

"Síndrome" tem direção e coreografia de Olga Roriz, com interpretação de André de Campos, Beatriz Dias, Bruno Alexandre, Bruno Alves, Carla Ribeiro, Francisco Rolo, Marta Lobato Faria.

A seleção musical é de Olga Roriz e João Rapozo, a cenografia e figurinos de Olga Roriz, o desenho de luz de Cristina Piedade e o acompanhamento dramatúrgico de Sara Carinhas.

O espetáculo resulta de uma coprodução da Companhia Olga Roriz e do São Luiz Teatro Municipal.

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