Ordem recorda "homem que reconhecia valor dos arquitetos e da arquitetura"

por Lusa

A Ordem dos Arquitetos lamentou hoje, em comunicado, a morte do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, "um homem que reconhecia a importância e o valor dos arquitetos e da arquitetura", membro honorário desta entidade, desde 2005.

O antigo Presidente da República Jorge Sampaio morreu hoje, aos 81 anos, disse à agência Lusa fonte da família.

Jorge Sampaio "protagonizou diversas vezes o debate da cidade, do urbanismo, do planeamento e da arquitetura no âmbito político, institucional e da cidadania (...), um homem de grande cultura, com um perfil político admirável, com a rara capacidade de escutar e dialogar, curioso e aberto aos outros", recorda o presidente da Ordem, Gonçalo Byrne, num comunicado enviado à agência Lusa.

Nas suas intervenções públicas, discursos, com o alto patrocínio de diversas iniciativas, como o Ano Nacional da Arquitectura 2003 ou o Prémio SECIL de Arquitectura, na participação em várias iniciativas da Ordem dos Arquitectos e através do reconhecimento público de diversos membros da OA, "chamou a atenção dos cidadãos para a arquitetura", lembrou.

Gonçalo Byrne recordou ainda que, em 2005, a propósito da participação na VI Bienal de Arquitetura de São Paulo, discutiu a arquitetura e a cidade com o antigo Presidente da República, e lembrou as palavras de Sampaio: "Concordo que a cidade é sobretudo feita das pessoas. O momento presente -- reflexo da globalização - exige a necessidade da cidade não ser um espaço de exclusão, mas sim um espaço de aproximação, de partilha; sem isso não há viabilidade democrática, e é nessas circunstâncias precisas que o populismo investe".

"Hoje, como então, as suas palavras permanecem atuais e pertinentes. Neste contexto que vivemos agora, por força das circunstâncias, é necessário reunir força política e a [ela] associar a cultura das várias disciplinas que se dedicam à cidade", destacou o presidente da Ordem dos Arquitetos.

Antes do 25 de Abril de 1974, Jorge Sampaio foi um dos protagonistas da crise académica do princípio dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, tendo, como advogado, defendido presos políticos durante a ditadura.

Jorge Sampaio foi secretário-geral do PS (1989-1992), presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1990-1995) e Presidente da República (1996 e 2006).

Após a passagem pela Presidência da República, foi nomeado, em 2006, pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas, enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e, entre 2007 e 2013, foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações.

Atualmente presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada por si em 2013, com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens sem acesso à educação.

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