Projeto Creta quer ser "ponto magnético" em Viseu para a cultura

por Lusa

O diálogo é um dos pontos chave do projeto Creta, apresentado hoje em Viseu e que, segundo o seu fundador, Guilherme Gomes, quer ser o "ponto magnético" na cidade para o mundo da cultura, com especial atenção no teatro.

"A vontade para o diálogo é qualquer coisa que valorizo muito e é muito útil quando existe na criação artística: o diálogo entre artistas, o diálogo entre artistas e público e entre artistas e instituições e, nesse sentido, devo dizer que, em Viseu, isso se está a fazer de uma maneira exemplar", defendeu Guilherme Gomes, ator e encenador natural de Viseu, responsável pelo Creta -- Laboratório de Criação Teatral.

"Ermafrodite", sob a direção do encenador Luís Miguel Cintra, será a próxima produção em cena, no âmbito do projeto. A primeira iniciativa aconteceu em maio, com um recital de poesia com base na obra de Ruy Belo.

Guilherme Gomes, Prémio Autor de Melhor Texto Português de teatro, em 2018, com a peça "Que boa ideia, virmos para as montanhas", e que desenvolve o Creta no âmbito do Teatro da Cidade, garante que os recitais vão continuar e que, até ao final do ano, serão apresentadas três criações teatrais, feitas oficinas, criado um clube de leitura, além de pretender fomentar o debate com base em textos filosóficos.

Guilherme Gomes adiantou que os eventos já realizados, desde maio, têm chamado à cidade "pessoas de fora, nomeadamente de Aveiro e Lisboa, por exemplo", o que leva este responsável a considerar que o projeto Creta "pode funcionar como uma espécie de ponto magnético" na área da cultura, na cidade.

Com o apoio do programa municipal Viseu Cultura, no valor de 50 mil euros para a programação de 2019, Guilherme Gomes avisou que "não foi sentida a incumbência de fazer muita coisa", sentiram sim "a responsabilidade de fazer coisas que valham a pena e que valorizem e deixem rasto".

"No início deste projeto falou-se de um ecossistema de criação em Viseu, e a minha ideia é que Creta seja um contributo para esse ecossistema, qualquer coisa que traga alguns frutos, que dê boas `compotas` e que não haja um combate a uma mediocridade que se sente em todo o lado e que pode ter solução através do diálogo", considerou.

A próxima manifestação cultural a subir ao palco é "Ermafrodite", de 27 a 29 de junho, na Incubadora do Centro Histórico de Viseu, e será uma produção de Luís Miguel Cintra, o encenador e cofundador do antigo Teatro da Cornucópia, em Lisboa, que, "inesperadamente, à última hora, não pôde estar presente [nesta apresentação], como era previsto".

A produção teatral, adiantou este responsável, nasce de uma "colagem de três textos de Camilo Castelo Branco, a que se junta o humor e ironia muito próprios de Luís Miguel Cintra".

A peça contará com a representação de Guilherme Gomes e João Reixa, outro ator da mesma geração, que também se fixou em Viseu.

Na apresentação do projeto aos jornalistas, o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Viseu, Jorge Sobrado, considerou que o Creta "traz uma frescura natural a Viseu", tanto na programação como na forma como "retira o teatro do lugar cristalizado em que por vezes é colocado por toda a gente".

"Foi a pensar em projetos como o Creta que o Viseu Cultura se fez, ou se definiu este instrumento de apoio à cultura e artes independentes. (...) Foi a pensar em novos programas, novas ideias e protagonistas que se desenvolveu o programa cultural, para disciplinar os apoios que a câmara atribui e para os democratizar e [os] abrir à novidade", justificou Jorge Sobrado.

O vereador valorizou também a ligação que este projeto faz com os "artistas residentes e radicados em Viseu e [com] os protagonistas até muito consagrados de fora: este vai e vem entre o de dentro e o de fora, entre local e global, [de] que se faz um ecossistema vivo e transformador".

Jorge Sobrado destacou ainda os "três pilares mais fortes" do Creta, detetados na altura da avaliação pelo júri e pela comissão de avaliação do Viseu Cultura.

"A programação, o pilar mais evidente, mas associado à criação cultural e criação de espetáculos e produtos artísticos [como segundo pilar] e, por fim, a formação no sentido de formar profissionais, potenciar cúmplices do teatro, mas também formar públicos", defendeu.

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