Adesão à ASEAN, comércio e investimentos na agenda de visita de PR timorense

por Lusa

A adesão de Timor-Leste à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e as relações comerciais e de investimento vão dominar a agenda da visita que o Presidente timorense efetua esta semana ao Camboja.

"A adesão de Timor-Leste à ASEAN continua na agenda de todos os países membros da organização e é uma questão prioritária para mim e para o Estado timorense. Estamos na reta final da adesão, que pode já acontecer em 2023", disse José Ramos-Horta, em entrevista à Lusa.

Ramos-Horta diz que espera aproveitar o facto de a presidência rotativa da ASEAN estar atualmente com o Camboja (passando de seguida para a Indonésia), para discutir os preparativos para a adesão, vincando que não há oposição na organização.

"Não há reservas neste momento de qualquer país da ASEAN em relação à adesão de Timor-Leste. As reservas que houve no passado tinham a ver com preocupações de um ou outro país, em termos das capacidades financeiras e de recursos humanos de Timor-Leste para gerir uma agenda tão grande que a ASEAN tem, com mais de mil reuniões anuais, de todos os setores", afirmou.

Timor-Leste continua a ter algumas deficiências particularmente em recursos humanos, o que não deve impedir a adesão, ainda que com um período transitório para poder reforçar essas capacidades, disse Ramos-Horta.

"Com a adesão formal vamos ter que ter um período de graça, de cinco anos por exemplo, em que Timor-Leste vai continuar a envidar esforços para desenvolver os seus recursos humanos e as nossas instituições e economia", explicou o Presidente timorense, que parte terça-feira para o Camboja.

"Ainda não temos recursos humanos suficientes, da área diplomática, de comércio e de outros setores. Ainda estamos muito aquém do ótimo para as responsabilidades que decorrem da ASEAN", admitiu.

Mais do que a adesão à ASEAN, Ramos-Horta quer aproveitar a visita ao Camboja para "explorar cooperação bilateral na área de investimentos e comércio", capitalizando nas boas relações bilaterais e na amizade e interesse do primeiro-ministro cambojano.

"Temos ótimas relações diplomáticas, o primeiro-ministro Hun Sen visitou-nos e continua a mostrar interesse em estabelecer laços comerciais. É altura de Timor-Leste aproveitar e expandir esses laços, passar das relações diplomáticas para acrescentar relações económicas e comerciais", notou o chefe de Estado timorense.

Como exemplo, referiu-se ao interesse do Camboja em ter um voo direto entre a capital, Phnom Penh, e Díli e "o interesse de exportar arroz para Timor-Leste".

"Os nossos fornecedores [de arroz] têm sido Vietname e Tailândia. É necessário diversificar os fornecimentos de produtos comestíveis para assegurar estabilidade no stock e nos preços do mercado de bens essenciais", sublinhou Ramos-Horta.

"Vamos igualmente explorar potenciais investimentos e interesses de grandes empresas sedeadas no Camboja em investir em Timor-Leste", referiu.

Ramos-Horta regressa do Camboja na sexta-feira.

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