Aeroporto. Promotores de Santarém afinam projeto mas comissão recorda "constrangimento"

por Cristina Sambado - RTP
Paulo Domingos Lourenço - RTP

O relatório preliminar sobre a localização do novo aeroporto classificou a opção de Santarém como inviável. A proximidade à Base Aérea de Monte Real limita, segundo a NAV, o número de voos a 24 por hora, o que, acentuou esta quinta-feira a coordenadora da Comissão Técnica Independente, deixa aquela opção sem condições.

Segundo a coordenadora da Comissão Técnica Independente, o relatório da NAV, a empresa que garante o controlo de tráfego aéreo em Portugal, “limita a capacidade do número de voos, do número de movimentos, que é demasiado baixo para poder constituir um hub intercontinental, o que se torna um constrangimento”.

“Se um dos nossos mandados é justamente avaliar o potencial e a capacidade para um hub intercontinental e a NAV nos diz que Santarém não consegue ter, com o layout aeroportuário que está a preparar, então, a nossa conclusão só pode ser, que nestas circunstâncias, para um hub intercontinental, não há condições para Santarém poder vir a desempenhar essa função”, explicou Maria do Rosário Partidário.
A proximidade à Base Aérea de Monte Real, uma base da NATO onde estão os F-16, limita o número de voos a 24 movimentos por hora.

Monte Real, acentuou a responsável, “é uma das bases mais importantes da Força Aérea que temos em Portugal
, tem exigências muito complicadas por causa dos F16, que são os aviões que operam ali, que têm uma velocidade brutal e precisam de imenso espaço”.

Aquela localização de Monte Real é muito específica e tem exigências muito concretas. Daí, que desde o início, quando fizemos a primeira fase de avaliação, excluímos Monte Real, que era uma das possibilidades”, explicou.

Justamente porque a Força Aérea disse que era "absolutamente estratégico” e não pode prescindir dessa área. “Quando nos aparece, em relação a Santarém, outra vez um constrangimento que é provocado justamente pelo desenho das pistas e da forma como o layout aeroportuário que está a ser apresentado em Santarém, nós só podemos ter exatamente o mesmo tipo de reação”, acrescentou.

Antes destas declarações, Carlos Brazão, fundador do projeto Magellan 500, promotor da opção Santarém, frisara em declarações à RTP que havia “muito trabalho a fazer para afinar depois do ponto de vista técnico essas soluções”. E que estavam a trabalhar com a NAV e a Força Aérea para apresentar soluções.
Para o promotor, “do ponto de vista conceptual é fazível desenvolver situações que já são usadas noutros aeroportos por toda a Europa. Muitos deles com bases próximas”.

Sobre esses contactos, Maria do Rosário Partidário frisou que tem "que esperar pelas conclusões dessas negociações”. As soluções vão ser entregues à Comissão Técnica Independente até dia 26 de janeiro.

Na sessão de esclarecimento desta quinta-feira sobre as "Opções Estratégicas Aeroportuárias para a Região de Lisboa", que decorreu em Santarém, o presidente da Comissão de Acompanhamento pediu aos partidos políticos que não usassem o novo aeroporto como arma de arremesso na campanha eleitoral nem desperdiçassem o trabalho desta comissão.

A coordenadora da Comissão Técnica Independente recorda que este tipo de trabalho "nunca tinha sido feito, em relação ao novo aeroporto de Lisboa. Uma vez que abrimos, por várias opções, estudamos todas as opções possíveis. Fizemos um trabalho muito profundo, muito robusto e deixamos as indicações do ponto de vista de vantagem e desvantagem para o decisor”.

Maria Rosário Partidário frisou ainda que, “qualquer que venha a ser o decisor, desperdiçar este trabalho é estar a desperdiçar dinheiro público, dinheiro dos contribuintes. Acho que não é boa solução política desprezar este trabalho”.

“Naturalmente que o decisor fará a sua interpretação”, rematou.
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