Alterações climáticas. Homens à frente das mulheres em emissões poluentes

por Carla Quirino - RTP
Amanda Perobelli - Reuters

Com o mesmo dinheiro, mas hábitos de consumo diferentes, os homens ultrapassam as mulheres nas emissões que provocam o aquecimento global. O uso do carro é um dos fatores. O estudo vem da Suécia e analisa o género e o meio ambiente.

A sociedade sueca revelou que o homem causa mais 16 por cento de emissões que a mulher.

São os gastos com o combustível dos carros e consumos nas férias que marcam as diferenças de género.

"A forma como gastam é muito estereotipada - as mulheres gastam mais dinheiro na decoração da casa, saúde e roupas e os homens gastam mais em combustível para carros, alimentação fora de casa, álcool e tabaco" sublinha Annika Carlsson Kanyama, da empresa Ecoloop, que liderou o estudo, citado no diário britânico The Guardian.

Alterar o consumo de carne para alimentos vegetais e usar comboio em viagens de férias em vez de carro ou avião, as emissões reduzem em 40 por cento.

"As férias foram responsáveis por cerca de um terço das emissões, tanto para homens quanto para mulheres. Isso é muito mais do que eu esperava", disse Carlsson Kanyama.

Reduzir as emissões pessoais "é algo ao nosso alcance aqui e agora. Basta usar o mesmo dinheiro que se tem e comprar outra coisa", acrescenta.

A pesquisa comparou homens e mulheres solteiros. Os dados de famílias não estavam disponíveis.

De 2017, a publicação britânica dá conta de um estudo que sugere que "ter um filho a menos, não usar carro e evitar viagens de avião" são variáveis que reduzem o impacto dos indivíduos no ambiente.
Em 2010 e 2012, existem dados que indicam que o consumo de carne e energia por homens, já os colocava à frente das mulheres na produção emissões.

Estudar os comportamentos de consumos e diferenciá-los por género, ajuda a definir políticas e estratégicas para combater a crise climática, defendem os cientistas.

Por não terem em conta a relação entre o género e o meio ambiente, as políticas verdes da União Europeia estão a ser alvo de críticas.

"A crise climática é um dos principais desafios do nosso tempo e afeta homens e mulheres de maneira bem diferente", disse Leonore Gewessler, ministra do Clima da Áustria. "Por exemplo, a maioria das pessoas afetadas pela pobreza energética são mulheres. É, portanto, crucial levar as diferenças de género na equação, se queremos desenvolver soluções e uma transformação que funcione para todos".

Associa-se a voz de Nadège Lharaig, do Departamento Ambiental Europeu, que publicou recentemente um relatório Por que o Acordo Verde na Europa precisa do ecofeminismo, para quem "as políticas do Acordo Verde na Europa são, na melhor das hipóteses, cegas ao género e, na pior, ampliam as desigualdades de género".
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