Economia
Anúncio de Trump. Portugal acredita que há tempo para negociar mas não exclui nenhuma opção
O presidente da República e o ministro dos Negócios Estrangeiros reagiram à ameaça feita pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a imposição de tarifas de 30% sobre todos os produtos da União Europeia (UE) e do México, a partir de 1 de agosto. Durante uma visita oficial a São Tomé Príncipe, os líderes portugueses reafirmaram a posição de Portugal ao lado da UE e disseram acreditar que ainda há tempo para prosseguir com as negociações e encontrar um desfecho positivo para os dois lados do Atlântico.
Questionado pelos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa considerou "surpreendente" o anúncio feito pelo presidente americano este sábado, 12 de julho, enquanto ainda estavam em curso as negociações entre Washington e Bruxelas que, adiantou, "estar a correr bem".
"A posição de Portugal é exatamente a posição da Comissão Europeia, (Portugal) não esconde que não é bom para o comércio internacional nem para a economia internacional haver deste tipo de anúncios nas condições em que foi feito (...) Não é bom", julgou o chefe de Estado.
Após reafirmar a posição de Portugal ao lado
da União Europeia, o presidente de República afirmou que ainda há tempo para encontrar uma solução do interesse de todos, Europa e EUA: "Esta história não terminou, como sabem o prazo falado pela administração norte-americana era o início de agosto e ainda estamos em julho", disse.
"Mantendo o processo de negociação em curso, na esperança que seja possível encontrar uma solução do interesse de todos: Europa e EUA, e que corresponda à lógica do que estava a ser negociado e que não seja uma interrupção ou desvio", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, indicando que o valor anunciado por Trump constitui "um desvio apreciável" em termos de valores em relação ao que "estava em cima da mesa".
Portugal aguarda desfecho das negociações
Já o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, lamentou o "desenlace negativo nas negociações" tidas até ao momento entre Bruxelas e Washington, mas sublinhou que é fundamental continuar com as negociações na expetativa de um acordo até ao fim do prazo, estipulado até 1 de agosto, sem descartar nenhuma opção. "Vamos aguardar, sem excluir nenhuma opção e sempre em conjugação com a União Europeia", disse Paulo Rangel em declarações aos jornalistas, em São Tomé e Príncipe.
"Como diz a presidente da Comissão Europeia, vamos continuar as negociações, e nenhuma opção está excluída. Isto é, não está excluído que, se estivermos perante uma situação de escalada como esta por exemplo está anunciada, tenha de haver uma reação, digamos, também ela no sentido de reforçar os direitos aduaneiros recíprocos, portanto, uma reação de reciprocidade", acrescentou.
O chefe da diplomacia portuguesa alertou para os efeitos negativos da imposição das tarifas aduaneiras de 30% sobre produtos da UE, anunciada por Donald Trump, numa carta dirigida à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e divulgada na íntegra na Truth Social.
"Obivamente é algo que teria um efeito disruptivo na relação comercial entre as duas margens do Atlântico, portanto teria efeitos bastantes negativos sobre os consumidores em primeiro lugar, sobre os produtores, sobre a economia e comércio de ambos os lados porque obviamente seria um nível muito alto", alertou.