Num
comunicado em resposta ao anúncio do presidente americano, Ursula Von der Leyen reiterou que a União Europeia continua disposta a "trabalhar para chegar a um acordo até 01 de
agosto". No entanto, a presidente da Comissão Europeia alertou que também
"tomará todas as medidas necessárias
para salvaguardar" os seus interesses, "incluindo a adoção de
contramedidas proporcionais, se necessário".
A líder do executivo comunitária alertou ainda para os efeitos da imposição da taxa de 30% sobre produtos da UE, anunciada por Donald Trump, através de uma carta endereçada à presidente da Comissão Europeia, divulgada esta tarde na conta Truth Social do presidente americano.A taxa "interromperia cadeias de fornecimento transatlânticas essenciais, em detrimento de empresas, consumidores e pacientes de ambos os lados do Atlântico", alertou Von der Leyen.
A presidente da Comissão Europeia, relembrou que "poucas economias no mundo igualam o nível de abertura e compromisso da União Europeia com práticas de comércio justo", que "tem priorizado consistentemente uma solução negociada com os EUA", refletindo "um compromisso com o diálogo, a estabilidade e uma parceria transatlântica construtiva".
Também o presidente do Conselho Europeu reafirmou que a União Europeia está pronta para proteger os seus interesses: a UE "continua firme, unida e pronta para proteger os seus interesses", reagiu António Costa.
Numa mensagem no X, António Costa afirmou que:"Tarifas são impostos. Alimentam a inflação, criam incerteza e prejudicam o crescimento económico". E acrescentou que a União Europeia continuará "a construir parcerias comerciais fortes em todo o mundo".
O anúncio do presidente dos EUA levou vários líderes europeus a manifestaram apoio às negociações lideradas por Bruxelas e a apelaram à defesa dos interesses da União Europeia.
Se por um lado, o presidente francês disse apoiar "plenamente" a Comissão Europeia na "intensificação" das negociações com os EUA, por outro exigiu que a UE prepare "respostas confiáveis" às tarifas de 30% por cento impostas a todos os produtos da UE caso as negociações não se concretizem.
"Cabe mais do que nunca à Comissão afirmar a determinação da União em defender resolutamente os interesses europeus. Isso implica, nomeadamente, acelerar a preparação de contramedidas credíveis, mobilizando todos os instrumentos à sua disposição", afirmou Emmanuel Macron no X
Já Berlim, pediu que a Comissão Europeia negocie "pragmaticamente" com Washington para chegar um acordo comercial e manifestou o seu "apoio nesta abordagem".
"Cabe agora à UE, no tempo restante, negociar pragmaticamente uma solução com os Estados Unidos que se concentre nos principais pontos de conflito", declarou a ministra alemã da Economia, Katherina Reiche, em comunicado.
"Sinal de alarme para a indústria"
Do lado da indústria alemã, surge um apelo de negociações urgentes dirigido aos governantes alemães, europeus e americanos para que seja travada a guerra comercial crescente com os EUA.
"O anúncio do presidente Trump é um sinal de alarme para a indústria
em ambos os lados do Atlântico", de acordo com Wolfgang Niedermark, membro do
conselho executivo da BDI.
"A Associação industrial alemã (BDI) apela ao governo alemão, à Comissão Europeia e ao governo dos EUA
para que encontrem soluções muito rapidamente, num diálogo objetivo, e
evitem uma escalada", apela.
Após a ameaça do presidente dos EUA, a associação automóvel alemã (VDA) lamenta que "haja uma ameça de uma nova escalada do conflito comercial" com os Estados Unidos e alerta para o aumento dos custos para os fornecedores e consumidores. "Os custos para as nossas empresas já se elevam a milhares de milhões e o
montante aumenta a cada dia", afirmou a presidente da VDA, Hildegard Mueller.
"Tratamento injusto"
Após o anúncio do presidente dos EUA, o México considera que as taxas de 30% sobre os produtos mexicanos são um "tratamento injusto" e que afirma que o país está a trabalhar num acordo com os EUA antes da entrada em vigor das tarifas.
O Ministério mexicano da Economia afirmou este sábado que um grupo de trabalho bilateral pretende chegar a um acordo alternativo às taxas de 30% impostas por Washington antes que entrem em vigor a 1 de agosto.