Banco de Portugal. Centeno toma posse como governador com "honra e entusiasmo"

por RTP
Mário Centeno assumiu a responsabilidade de velar "pela estabilidade do sistema financeiro nacional". José Sena Goulão - Lusa

O ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, tomou esta segunda-feira posse como governador do Banco de Portugal. No discurso no Ministério das Finanças, falou em "honra e entusiasmo" ao aceitar este "compromisso de serviço público".

A minha relação com o Banco de Portugal vem desde o já longínquo ano de 1993, pela mão de quem é uma referência para todos os que estudam economia e finanças, o professor António Sampaio Melo”, começou por declarar o ex-ministro.

"Voltei ao Banco de Portugal em 2000. Neste trajeto, foi muito o que aprendi acerca da sua dimensão, da sua capacidade ímpar de formar, de dar a Portugal muitos dos seus mais altos-quadros, a sua importância na supervisão, no apoio indispensável à regulação do sistema bancário, mas também na análise económica e no desenvolvimento das ciências económicas no nosso país”, destacou Mário Centeno.
Para o novo governador, “o Banco de Portugal é fulcral, seja quando consegue cumprir com sucesso os seus objetivos, o que tantas vezes não é apercebido pela sociedade, seja quando falha nesse cumprimento, o que tem sempre enorme impacto e visibilidade”.

“Acredito, como o meu percurso demonstra, que a prestação de contas, a transparência e a independência são fatores essenciais ao equilíbrio democrático e ao desenvolvimento das instituições”.

“Mas, mais importante, levo para este novo ciclo a resiliência na ação, acompanhada pelo diálogo e pelo tempo. Nunca devemos viver fora do nosso tempo. Devemos dar tempo às nossas decisões para que elas produzam os seus efeitos”, sublinhou o antigo ministro das Finanças.

Por essas razões, é agora com “orgulho, responsabilidade e compromisso” que Mário Centeno inicia hoje um “novo ciclo numa instituição centenária que todos respeitamos”.

O responsável frisou que o seu percurso como ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo lhe permitiu “adquirir e amadurecer o conhecimento e o saber que foram as bases essenciais para exercer com sucesso e ponderação cargos públicos”.

Centeno recordou ainda que, “na última década, Portugal passou por uma profunda transformação económica” da qual foi testemunha e “ator influente”, experiência que lhe traz um “imenso orgulho”.

Agora, enquanto governador do Banco de Portugal, Mário Centeno assume a responsabilidade de velar “pela estabilidade do sistema financeiro nacional”, cumprindo com o “dever e a competência” da instituição para aconselhar o Governo nestes domínios, “contribuindo para o desenho de uma estratégia nacional fundada numa participação ativa no eurosistema e numa proximidade crescente com os atores institucionais nacionais”.
João Leão destaca “quadro extremamente exigente”
O atual ministro das Finanças, João Leão, esteve presente na tomada de posse e destacou o facto de Mário Centeno assumir funções numa fase difícil provocada pela crise pandémica da Covid-19.

“O Banco de Portugal tem, a partir de hoje, uma nova liderança”, começou por declarar, acrescentando que o novo governador “assume funções num quadro extremamente exigente para a economia nacional e mundial causado pela pandemia”.

“A Comissão Europeia estima, inclusivamente, uma queda do PIB na Zona Euro de cerca de nove por cento em 2020. Não há memória de uma crise que tenha surgido de uma forma tão repentina e tão intensa".

João Leão salientou que “esta crise representa um choque económico extremo que requer uma reação política coordenada e urgente em todas as frentes para apoiar as pessoas e as empresas em risco”, saudando o novo governador pela “coragem e elevado sentido de missão ao assumir funções nas atuais condições”.

O ministro das Finanças considerou que a política monetária “pode ter um papel vital a desempenhar na atual crise”, podendo contribuir “para manter o setor financeiro com capacidade para garantir condições de financiamento adequadas para todos os setores da economia”.

No final do seu discurso, João Leão defendeu ser importante que, a nível da regulação e supervisão, o Banco de Portugal tenha um papel “cada vez mais ativo e exigente” para “evitar comportamentos que mais tarde possam colocar a estabilidade económica do país” em risco.
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