BCE mantém taxa de juro de referência

por RTP
Reuters

A instituição tutelada por Christine Lagarde decidiu manter a taxa de juro de referência nos 4,5%. É a quinta vez consecutiva que o faz, depois de um longo período de subidas constantes. Pela primeira vez, a responsável do Banco Central Europeu abriu a porta a uma eventual descida das taxas em breve.

A taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez mantém-se em 4,75% e a taxa de depósitos em 4%.

Com a inflação agora perto da meta de 2% do BCE, os empréstimos bancários paralisados e a economia a crescer pouco, o Banco deu novas dicas sobre um possível corte na próxima reunião.

"Se a avaliação atualizada do Conselho do BCE sobre as perspetivas de inflação, a dinâmica da inflação subjacente e a força da transmissão da política monetária aumentassem ainda mais a sua confiança de que a inflação está a convergir para o objetivo de uma forma sustentada, seria apropriado reduzir o atual nível de restrição da política monetária", disse o BCE.

Na conferência de imprensa que normalmente a responsável do BCE mantem depois destas decisões, Lagarde garantiu no entanto que as taxas de juro se vão manter restritivas pelo tempo necessário e que uma eventual descida estará sempre dependentes da análise dos dados concretos da economia. 

“Não vamos comprometer os objetivos”, refere Lagarde, depois de já ter reiterado o empenho em fazer com que a inflação a médio prazo desça para aquela que é a meta definida ainda dentro do próximo trimestre. O BCE confirmou que a inflação continuou a descer, impulsionada pela menor inflação dos preços dos produtos alimentares e dos bens.

"Estamos empenhados em fazer descer a inflação", frisa. E, se continuarem a descer, "será apropriado fazer descer as taxas de juro", disse, reiterando de viva voz o que já constava no comunicado.

Os principais riscos para o futuro continuam a centrar-se nos conflitos do Médio Oriente e na Ucrânia.
Lagarde afirmou que "alguns" membros do Conselho do BCE sentiam-se suficientemente confiantes com os dados atuais para cortar as taxas de juro, mas que o banco central espera ter mais informações e novas previsões económicas em junho.

Os decisores políticos do BCE, mesmo os que tradicionalmente são a favor de taxas mais elevadas, têm-se alinhado em defesa de uma redução das taxas em junho, desde que os principais indicadores, incluindo o crescimento dos salários e a inflação subjacente, continuem a moderar-se.

A dúvida que na altura se poderá acrescentar é a da incerteza sobre se a Reserva Federal conseguirá reduzir as suas próprias taxas em Junho, uma vez que a inflação nos EUA está acima do objetivo.

Analisando a decisão e a justificação hoje apresentada parece ter ficado clara a abertura para descer as taxas de juro, eventualmente já em junho.

No entanto, não foi afirmado pelo BCE de que haja mais descidas seguidas.



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