BE diz que impasse com professores é "uma absoluta irresponsabilidade" do Governo

por Lusa

A coordenadora do BE, Catarina Martins, criticou hoje o Governo por "não ter andado sequer um milímetro" na negociação com os professores demonstrando "total intransigência", e considerou que "é uma absoluta irresponsabilidade este impasse permanente".

No final de uma audiência com o Presidente da República no Palácio de Belém, em Lisboa, a líder do BE disse aos jornalistas que transmitiu a Marcelo Rebelo de Sousa "a enorme preocupação" do partido com "problemas que se vêm acumulando e para os quais o Governo não tem nenhuma resposta", nomeadamente no que toca à educação e à habitação.

Catarina Martins afirmou que "os professores continuam à espera de uma resposta sobre as suas carreiras, sobre os seus salários, sobre as suas condições de trabalho, e o Governo tem demonstrado uma total intransigência e incapacidade de diálogo".

"Vamos já no segundo período de aulas, os professores têm razões que são justas, que devem ser atendidas, e é uma absoluta irresponsabilidade este impasse permanente, com o Governo que não avança com nenhuma resposta, nenhuma solução para a escola", criticou.

A líder bloquista considerou que o executivo socialista não andou "sequer um milímetro para conseguir ter uma negociação que os professores possam levar a sério".

"O Governo nem sequer se pode desculpar com o estado da economia ou com problemas das contas públicas, porque não tem nenhum problema, tem todas as condições para responder às aspirações dos professores, e não avança um milímetro. E isso é, do ponto de vista, absolutamente insensato", defendeu.

Questionada se o Presidente poderá ter um papel de intermediário informal nesta questão, Catarina Martins disse que não foram abordadas nesta reunião "as responsabilidades institucionais" e defendeu que "há papéis institucionais muito diferentes entre o Governo e o senhor Presidente da República".

No que toca à habitação, a coordenadora do BE -- que já anunciou que não se vai recandidatar na próxima convenção do partido, no final de maio - afirmou que o Governo "não concretiza nenhuma medida e os próprios proprietários, que num primeiro momento disseram que as medidas eram uma grande revolução, já vieram dizer afinal as medidas são uma mão cheia de nada" e "não têm qualquer impacto".

"O que vemos é agudizar-se a cada dia os problemas e o Governo a limitar-se a fazer anúncios de medidas que nunca executará", defendeu a bloquista, considerando que "nada vai mudar com os anúncios do Governo e neste momento a crise da habitação é um dos maiores problemas do país".

Apontando que "não há nenhuma geração que não seja afetada pela crise da habitação", Catarina Martins apontou que este "é um problema que já afeta toda as esferas do país, é uma crise forte que abala todas a condições da sociedade".

A coordenadora do Bloco considerou que "as pessoas não estão a pedir a caridade do Governo para pagarem a casa, querem uma economia minimamente regulada em que o preço de uma renda, o preço de uma casa, possa ser pago pelo salário que é pago neste país, e é isso que não há neste momento".

Questionada sobre o balanço que faz da relação com o Presidente da República ao longo dos anos, Catarina Martins afirmou que os dois olham "para o mundo de formas diferentes, seguramente", mas salientou que tiveram "uma relação institucional que correu da melhor forma ao longo destes anos".

Catarina Martins indicou aos jornalistas que esta audiência aconteceu por iniciativa do Presidente da República, "foi combinada ainda antes" de ter anunciado que não vai recandidatar ao cargo de líder do partido, e teve como objetivo "trocar algumas impressões sobre a situação política neste momento no país".

Para esta audiência que "possivelmente será a última enquanto coordenadora" e que durou cerca de uma hora, a ainda líder do BE foi acompanhada pelo líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, e pelo dirigente Jorge Costa.

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