Brexit pode custar às empresas financeiras 17 mil milhões de libras

por Ana Sofia Rodrigues - RTP
Zona financeira de Londres Kevin Coombs - Reuters

Abandonar a União Europeia seria para o Reino Unido sinónimo de uma década de incerteza. A conclusão é de um estudo da JWG, uma empresa londrina especializada na regulação financeira. O estudo quantifica o que a certeza significa: 17 mil milhões de libras de custos para os serviços financeiros britânicos até 2026. São cerca de 21 mil milhões de euros.

Os analistas da JWG não tomam posição sobre se o Reino Unido deve ou não permanecer na União Europeia. Referem, no entanto, que, se o voto no referendo de junho apontar para a saída, as firmas financeiras acabarão por tentar manter o negócio como habitualmente enquanto tentam fazer mudanças fundamentais.

“Em vez de reduzir a burocracia, os empresários no Reino Unido vão ficar presos com um livro de regras que pode mudar em 60 por cento, enquanto novas decisões judiciais vão mudar as regras do jogo”, lê-se no estudo de 24 páginas da JWG citado pela agência Reuters.

O custo adicional do Brexit será de 17 mil milhões de libras até 2026, alerta o estudo, que não faz entrar nas contas as multas por incumprimento.

“Há uma crença popular de que, se o Reino Unido optar por sair, ficará livre do atual ambiente de criação de regras. A realidade das operações e profissionais da tecnologia que suportam as firmas de investimento é que vão entrar numa década de incerteza sobre os acordos que eles precisam de ter com os clientes, como vendem os seus produtos e se a maneira pela qual eles fazem negócios vai colocá-los na cadeia”, diz PJ Di Giammarino, CEO da JWG, à Forbes.

Um estudo recente da PwC para a CBI, Confederação da Indústria Britânica, veio dizer que o custo do Brexit para a economia seria de 100 mil milhões de libras até 2020. Na altura, e sem grandes surpresas, 80 por cento dos membros do CBI votariam na continuação do Reino Unido na Europa. Até porque as trocas comerciais entre Reino Unido e Europa ascendem a valores entre os 62 e os 78 mil milhões de libras anualmente, de acordo com a CBI.
A votação do referendo acontece dentro de seis semanas.
Uma pesquisa feita pela sociedade de advogados Pinsent Masons revelou que só 26 por cento dos gestores no Reino Unido, França e Alemanha têm planos concretos sobre o que fazer a seguir, caso o referendo dite a saída do Reino Unido da União Europeia. 53 por cento dos inquiridos confessaram que o assunto até agora não foi discutido a um nível de administração superior.

Na segunda-feira, o secretário de Estado britânico do Tesouro disse num fórum organizado pelo Financial Times, em Londres, que “dezenas de milhares” de postos de trabalho podem estar em causa na indústria de serviços financeiros, lembrando que 285 mil empregos do setor estão ligados a negócios financeiros com a Europa. "Dezenas de milhares de postos de trabalho vão acabar, na City, se o Reino Unido deixar a UE", disse Osborne.

Um grupo de economistas defensores do Brexit vieram esta terça-feira dizer que os avisos de Osborne estão errados quanto aos prejuízos de sair da União Europeia. Apresentam comparações históricas para esta defesa e questionam os modelos usados por Osborne para projeções de perdas ligadas à saída da União Europeia.

Boris Johnson, o antigo mayor de Londres, defensor da saída, lembrou que avisos similares foram feitos quando o Reino Unido decidiu não aderir ao euro. “Canary Wharf é agora muito maior do que o centro financeiro de Frankfurt”, disse Johnson ao Financial Times. Considerou mesmo que o “argumento económico” para a manutenção é “totalmente falso”.
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