Cabo Verde. PM destaca "convergência" com PR num dos orçamentos "mais difíceis" do país

por Lusa

O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse hoje que o Orçamento do Estado para 2022 é "um dos mais difíceis" da história do país, mas destacou a "convergência de posições" com o Presidente para ultrapassar o momento.

"Nós vamos ter o orçamento dos mais difíceis que Cabo Verde jamais teve durante a sua história", começou por dizer o chefe do Governo, à saída de um encontro com o novo Presidente da República, José Maria Neves, para partilhar as linhas gerais do Orçamento do Estado para 2022.

Relativamente ao Presidente da República, o primeiro-ministro destacou a "convergência de posições" que tem a ver com a compreensão do momento de dificuldades, vividas não só por Cabo Verde, mas pelo mundo inteiro.

"Como um pequeno Estado insular, com vulnerabilidades muito elevadas a choques externos, estamos a sofrer os efeitos, mas estamos ambos imbuídos de um espírito positivo, que é fazer um bom combate na frente sanitária, económica e social, para criarmos as condições para que o país se possa manter e, ao mesmo tempo, haver a retoma da atividade económica e do emprego e da melhoria das condições de vida das famílias cabo-verdianas", salientou.

Segundo Ulisses Correia e Silva, o executivo quer salvaguardar o essencial, nomeadamente ao nível das famílias mais pobres, mas ao mesmo tempo fazer os ajustamentos necessários nessa fase.

O primeiro-ministro lembrou que em três anos o Estado cabo-verdiano perdeu mais de 60 mil milhões de escudos (mais de 544 milhões de euros) de receitas devido à pandemia da covid-19, sendo 20 mil milhões de escudos (181 milhões de euros) em cada um dos anos entre 2020 e 2022.

"Porque a contração económica foi muito forte, significa que em 2020 Cabo Verde, com quebra significativa daquilo que produz em termos de riqueza (-15%), isso tem impacto nas finanças públicas e na vida das empresas", referiu.

Mesmo assim, garantiu que o Governo vai continuar a realizar investimentos, para que o país possa ter a recuperação económica, continuar a combater a covid-19 e criar condições para que 2022 seja o ano da transição económica, com mais receitas fiscais e diminuição da dívida pública.

"Estamos no período difícil, mas é transitório. O ano de 2022 vai ser difícil, mas vai ser o ano de saída da crise e queremos que isso seja concretizado através deste Orçamento do Estado", perspetivou.

A proposta de lei do Orçamento do Estado de Cabo Verde para o próximo ano está orçada em cerca de 73 mil milhões de escudos (660 milhões de euros), menos 2% face ao orçamento em vigor.

Prevê um crescimento entre 3,5% e 6%, para fazer a ponte entre a pandemia e a retoma económica, depois das previsões entre 6,5% e 7% este ano, e da forte recessão económica de 14,8% em 2020, por causa dos efeitos da pandemia da covid-19. 

Já a inflação, deverá situar-se entre 1,5% e 2%, o défice orçamental ainda negativo (- 6,1%), dívida pública de 150,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e taxa de desemprego a reduzir-se para 14,2%, depois de 14,5% nos últimos dois anos.

pub