Cabo Verde precisa investir 520 ME até 2030 para fazer transição energética

por Lusa

O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, estimou hoje a necessidade de investir 520 milhões de euros para atingir as metas de transição energética até 2030, dos quais 65% através do Estado ou parcerias público-privadas.

"Somos um país com forte dependência de combustíveis fósseis para produção de energia, em cerca de 80%. Esta realidade coloca Cabo Verde como extremamente vulnerável a choques externos provocados pelos aumentos de preços internacionais dos combustíveis. A crise inflacionista provocada pela guerra na Ucrânia é um bom exemplo", afirmou o chefe do Governo, no parlamento.

Ulisses Correia e Silva participa hoje no debate mensal com o primeiro-ministro na Assembleia Nacional, na Praia, com o tema "Estratégia de Aceleração da Transição Energética", agendado pelo grupo parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD, maioria), tendo sublinhando a aposta no aproveitamento dos "abundantes recursos para a produção de energias renováveis" de que o país dispõe, como o sol, vento e mar.

"A transição energética exige avultados investimentos na produção, quer no armazenamento da energia, quer na eficiência energética. Estimamos 520 milhões de euros até 2030, sendo 65% investimento privado e em regime da parceria público privada", explicou.

De acordo com o primeiro-ministro, a taxa de penetração das energias renováveis na produção de eletricidade "tem oscilado entre os 18 e os 20%", e a meta do Governo é "atingir 30% da produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis até 2025".

"Ultrapassar 50% até 2030 e atingir quase 100% em 2040", sublinhou.

"A aposta na aceleração da transição energética é assim um imperativo, um desígnio nacional para redução da dependência da importação dos combustíveis fósseis, aproveitamento dos recursos endógenos e contribuição para redução de emissões de carbono", destacou Ulisses Correia e Silva.

Acrescentou que o Governo aborda a aceleração da transição energética "numa múltipla perspetiva", como pelo "aumento da capacidade de produção e de armazenamento de energia renovável em grande escala", pelo "aumento da microprodução de energia renovável para o autoconsumo" e no "reforço da eficiência energética através da gestão e tecnologias eficientes, consumos eficientes e redução de perdas", entre outras prioridades.

Destacou igualmente que as metas definidas para a transição energética "serão atingidas com o aumento da capacidade de produção e do armazenamento de energias renováveis e com o aumento da eficiência energética", através de vários investimentos em curso.

"Estão já contratados através de concursos competitivos internacionais parques solares com baterias de armazenamento para a Boa Vista, São Vicente e Sal, numa capacidade total de 15 MegaWatts [MW]. Em fase concursal o parque para a Praia de 10 MW. Parques solares de menores dimensões serão instalados em Santo Antão, Fogo, Maio, São Nicolau e Brava. A Cabeólica [parceria público-privada] aumentará a sua capacidade de produção de energia eólica na Praia de 11 MW atuais para 24 MW", disse igualmente.

Destacou também que a capacidade do microprodução de energia solar em Cabo Verde, que era de 2 MW em 2016, "aumentou para 9 MW, aproximando-se da meta definida para 2030, que é de 12 MW".

Durante o debate, a oposição visou o Governo pela estagnação no crescimento da penetração de energias renováveis em Cabo Verde, que não ultrapassa os 20% há vários anos, com o primeiro-ministro a explicar que essa aposta obriga necessariamente a reforçar a capacidade de armazenamento.

"Os concursos para contratação e instalação de novos parques solares já contemplam baterias de armazenamento de energia", garantiu.

"A aceleração da transição energética ganhará forte impulso com a criação e aumento da capacidade de armazenagem de energia. O primeiro MW de baterias lítio foi instalado e está em funcionamento na ilha do Sal", disse ainda o primeiro-ministro.

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