Chefe do Eurogrupo promete à Grécia dinheiro em troca de reformas

por RTP
Francois Lenoir, Reuters

Jeroen Dijsselbloem prometeu à Grécia 7.200 milhões de euros já para Março, se o Governo de Atenas puser imediatamente em marcha as reformas que ainda estão a ser discutidas. O chefe do Eurogrupo lembrou que, de outro modo, a Grécia corre o risco de entrar em incumprimento.

Em declarações citadas pelo Financial Times, o ministro holandês das Finanças e chefe do Eurogrupo, Dijsselbloem, explicou a sua "mensagem" aos gregos: "Tentem começar o programa ainda antes de estar concluída toda a renegociação. Há partes [do programa] que vocês podem começar a aplicar já hoje. Se fizerem isso, então talvez possa haver um primeiro pagamento em algum momento de Março. Mas isso exigiria acções e não apenas intenções".

Dijsselbloem acrescentou ainda: "Se passarmos dois meses a falar uns com os outros e sem fazer nada, no final de Abril haverá grandes problemas".

O acordo apalavrado no âmbito do Eurogrupo, e depois ratificado em parlamentos nacionais, nomeadamente, na sexta feira, o alemão, condiciona a extensão efectiva do crédito ao acordo do Governo grego sobre reformas pretendidas pelas "instituições", antes designadas como "troika".

No entanto, os termos desse acordo correm o risco de se verem rapidamente ultrapassados pela realidade, porque o consenso sobre reformas aceitáveis para ambos os lados está difícil e a Grécia poderá não conseguir realizar os próximos pagamentos que tem agendados do serviço da dívida: cerca de 4.300 milhões de euros já em Março, dos quais 1.400 milhões ao FMI.

O Governo grego esperava evitar esse incumprimento, obtendo do Banco Central Europeu (BCE) luz verde para emitir dívida de curto prazo acima de 15.000 milhões de euros. Mas os sinais até aqui emitidos pelo BCE são os de quem não tenciona aceder à pretensão grega, especialmente depois de as instâncias máximas de Bruxelas terem manifestado oposição a um financiamento de curto prazo pelos bancos centrais.

A relutância do BCE perante a pretensão grega abre, assim, o caminho à pressão de Dijsselbloem, para que a Grécia se apresse a aceitar as reformas, se quiser ver, em tempo útil, uma parte do dinheiro de que vai necessitar e que lhe foi prometido no âmbito do Eurogrupo.

Durante o fim de semana, em entrevista à Associated Press, o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, manifestou o interesse em renegociar os pagamentos de 6.700 milhões de euros ao BCE que a Grécia tem agendados para Julho e Agosto.

Entretanto, numa outra entrevista ao diário alemão Handelsblatt, Varoufakis admitiu ter aprendido que "perdão da dívida são palavras sujas" e sugeriu "soluções mais inteligentes".

Passando a concretizar o que entende por essas soluções, o ministro grego sugeriu que as dívidas actuais da Grécia fossem trocadas por novas obrigações, acopladas à taxa de crescimento económico. Varoufakis explicou que "enquanto o PIB nominal continuar a cair, a nossa dívida continuará a crescer, apesar de pagarmos juros baixos. É esta dinâmica que temos de inverter".
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