`Chefs` perderam estrelas Michelin entre a surpresa e a expectativa

por Lusa

O `chef` alemão Willie Wurger, cujo restaurante, "Willie`s", no Algarve, perdeu a estrela Michelin que detinha desde 2006, disse hoje à Lusa que não esperava esta decisão dos inspetores do guia ibérico.

O "Willie`s" (Vilamoura) é um dos três restaurantes portugueses que perdem a classificação de uma estrela (`uma cozinha de grande nível, compensa parar`) na edição de 2020 do Guia Michelin Espanha e Portugal, que foi apresentada na quarta-feira à noite em Sevilha.

"Não sei porquê. Não estava à espera", afirmou à Lusa o `chef` alemão.

Willie Wurger disse não ter notado qualquer alteração no último ano no que diz respeito às visitas dos inspetores do guia.

"Não notei nenhuma mudança, foi igual a todos os anos, com uma ou duas visitas", comentou.

Willie Wurger chegou a Portugal em 1985 e conquistou a primeira estrela Michelin para o Algarve, na altura no restaurante "La Reserve", distinção que manteve anos mais tarde no "São Gabriel".

A distinção que detinha no restaurante com o seu nome tinha, para ele, um significado especial: "Esta é a que mais me orgulha porque é o meu próprio restaurante e sou responsável por tudo. Desde 2006 que mantemos a estrela, o que é todos os anos uma grande vitória", afirma, numa mensagem na página oficial do restaurante.

Outro restaurante que perdeu a estrela foi o "L`AND Vineyards" (Montemor-o-Novo), agora com o chefe executivo José Miguel Tapadejo, após a saída de Miguel Laffan.

"Estávamos na expectativa. Sabíamos que num ano de mudança de `chef`, era possível" a perda da distinção, afirmou à Lusa a diretora de relações públicas do espaço.

"Acreditamos que fizemos um bom trabalho e mantemos o nosso foco", comentou.

Esta não foi a primeira vez que o "L`And Vineyards" perdeu uma estrela: em 2015, Miguel Laffan conquistou a primeira estrela, mas perdeu-a no ano seguinte e voltou a ganhar em 2017.

A responsável sublinhou que "as circunstâncias são diferentes", referindo que no primeiro caso, o `chef` era o mesmo, e agora "houve uma mudança, pelo que essa possibilidade era mais clara".

Questionada sobre a forma como a equipa do restaurante recebeu a notícia, Luísa Santos respondeu: "Juntos. É um trabalho feito em equipa. Estamos juntos para as boas e para as más notícias".

O restaurante "Henrique Leis" foi o terceiro a perder a distinção, mas, neste caso, o `chef` com o mesmo nome tinha anunciado que pretendia abdicar da estrela que o espaço tinha há 19 anos, algo inédito em Portugal.

A posição oficial da Michelin em situações como esta tem sido a de que a decisão de atribuir ou retirar estrelas cabe aos inspetores e não aos `chefs`.

A Lusa contactou o `chef` Henrique Leis, que respondeu que se encontra de férias.

Na edição do próximo ano, o restaurante "Casa de Chá da Boa Nova" (Leça da Palmeira, ?chef` Rui Paula) passa a ter duas estrelas (`cozinha excecional, merece o desvio`) e há quatro novidades na primeira estrela: "EPUR" (Lisboa, `chef` Vincent Farges), "Fifty Seconds by Martín Berasategui" (Lisboa, `chef` Filipe Carvalho), "Mesa de Lemos" (Viseu, `chef` Diogo Rocha) e "Vistas" (Vila Nova de Cacela, `chef` Rui Silvestre) são as novidades na primeira categoria (`cozinha de grande nível, compensa parar`) do Guia Michelin ibérico.

No total, Portugal tem sete restaurantes com duas estrelas e 20 com uma estrela. O Guia ibérico, que este ano celebra 110 anos, continua a não atribuir a classificação máxima (três estrelas, `uma cozinha única, justifica a viagem`) a restaurantes portugueses.

 

 

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