Cimeira de Lisboa deu "passo significativo" para novo roteiro energético

por Lusa
Miguel A. Lopes - Lusa

O primeiro-ministro português afirmou hoje que na cimeira de Lisboa sobre interligações energéticas com Espanha e França foi "dado um passo significativo" com a definição do financiamento do projeto de infraestruturas e o estabelecimento de metas ambiciosas.

António Costa falava no final da cimeira, numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente francês, Emmanuel Macron, o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, o comissário europeu da energia, Miguel Arias Canete, e a vice-presidente do Banco Europeu de Investimentos (BEI) Emma Navarro.

"Esta II Cimeira das Interligações Energéticas não se limitou a reafirmar conclusões anteriores. Foram agora estabelecidas novas metas ambiciosas: até 2020, atingir um nível de 10% de interligações entre a Península Ibérica e a Europa, mas de 15% em 2030", disse.

Para este objetivo ser alcançado, de acordo com o primeiro-ministro, hoje, em Lisboa, "foi assinado o contrato de financiamento no valor de 570 milhões de euros para a implementação do projeto de interligação elétrico do Golfo da Biscaia, ligando a Península Ibérica a França".

"Creio que esta segunda cimeira, em relação à anterior realizada em Madrid, dá um passo concreto com a assinatura do contrato, fixa novas metas e estabelece um roteiro para termos uma política energética que visa a segurança, a competitividade e a descarbonização da nossa economia", sustentou o líder do executivo nacional.

Na sua intervenção inicial, António Costa caracterizou o desafio das interligações energéticas como "absolutamente essencial para haver um mercado europeu da energia com maior segurança por via da redução da dependência energética externa e pela diversificação das fontes de abastecimento".

"Temos de possuir um mercado europeu da energia mais competitivo, com redução dos custos, quer para as famílias, quer para as empresas. É preciso também uma energia mais limpa com uma contribuição decisiva para a descarbonização da economia, assim para o cumprimento dos objetivos do acordo de Paris e do roteiro da neutralidade carbónica", afirmou depois.

Na conferência de imprensa, o primeiro-ministro falou também no projeto para a interligação entre Portugal e Espanha, em particular entre a Galiza e o Minho.

Em relação ao gás, António Costa considerou-o como "uma fonte de energia transitória".


"É importante inserirmos este objetivo das interligações numa estratégia mais vasta, com cooperação entre a Europa e o Norte de África, mas também com o reforço da investigação em matéria de armazenamento de energia. O armazenamento energético é a chave do sucesso de uma estratégia assente em energias renováveis", considerou o primeiro-ministro português.
Compromisso de interligações energéticas
Portugal, Espanha e França reafirmaram hoje em Lisboa o compromisso de alcançar 10% de interligações energéticas em 2020 e 15% em 2030, mas a Comissão Europeia alertou que o primeiro objetivo só será atingido cinco anos depois.

Na Declaração de Lisboa, assinada hoje, os três países e Bruxelas "renovam o seu empenho no cumprimento das conclusões do Conselho Europeu de outubro de 2014, nomeadamente as metas para 2020-2030 relativas às interligações".

O documento foi assinado hoje, durante a segunda cimeira para as interligações energéticas, em Lisboa, com a presença do primeiro-ministro português, António Costa, do Presidente francês, Emmanuel Macron, do chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, e do comissário europeu para a Ação Climática e a Energia, Miguel Arias Cañete.

"Foram agora estabelecidas novas metas ambiciosas: até 2020, atingir um nível de 10% de interligações entre a Península Ibérica e a Europa, mas de 15% em 2030", disse António Costa, na sua intervenção inicial, no final da cimeira.

No mesmo sentido, Sánchez declarou: "Os objetivos quanto à interligação estão bem claros. O primeiro-ministro [português] já o disse, 10% em 2020 e 15% em 2030. Nesta cimeira demos passos importantes".

O chefe do Governo espanhol apontou a assinatura, realizada hoje, para o financiamento da linha elétrica que atravessará o golfo da Biscaia, um projeto que deverá estar concluído em 2025, e que classificou como "fundamental para aumentar a interligação elétrica entre a Península Ibérica, França e continente europeu".

A Comissão Europeia apoiará este projeto, com uma extensão de 280 quilómetros, em 578 milhões de euros, "o maior investimento de sempre num projeto de infraestrutura energética no âmbito do Mecanismo Interligar a Europa", segundo Bruxelas.

Já o comissário europeu Miguel Cañete afirmou que o nível de interligação "não chegará em 2020 aos 10%".

"O nível de interligação entre Espanha e França é de 6%. Teria de ser 10% em 2020. Como disse o presidente [do Governo] de Espanha, em 2025, chegará, quando estiver executado o projeto do golfo de Biscaia", disse.

O responsável europeu aplaudiu o compromisso hoje alcançado entre os três governos para reforçar a integração da Península Ibérica no mercado europeu de energia.

 

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