De padarias a grandes aglomerados, as mudanças do tecido económico português no Brasil

por Lusa

O presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil considera que o investimento português tem-se alterado ao longo das últimas décadas no Brasil, que começou pelas padarias, passando pela construção, turismo, até aos grandes aglomerados.

"O tipo de emigração, o fluxo de pessoas para o Brasil da parte de Portugal e do Brasil para Portugal tem variado muito", começa por explicar Armando Abreu, em entrevista à agência Lusa.

Até ao 25 de abril, diz, o "investimento português no Brasil era muito baixo, quase nulo", mas ainda assim houve um fluxo de migração muito grande, uns para fugirem à ditadura e à Guerra Colonial, outros para procurem melhores condições de vida", detalha.

Foi nessa altura, lembra, que se criou essa ideia, "que é um facto", dos portugueses adquirirem padarias.

São dos investimentos mais fáceis quando se chega a um país, diz, e "daí começarem a nascer as pequenas padarias".

Depois, detalha, "a partir da revolução portuguesa, além das padarias começam a aparecer também, embora em pequena escala, a construção civil", pequenos empreiteiros.

"A partir do 25 de Abril tivemos um fluxo de emigração provocado também pela revolução. Tivemos o caso de pessoas que estavam ligados ao antigo regime que acabaram vir para o Brasil e abrir alguns negócios", explica o presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil.

Ainda assim, Armando Abreu considera que o grande fluxo de emigração em termos de investimentos aconteceu há cerca de 20, 30 anos.

"Muito ligados ao fluxo e às viagens da TAP. Se nós analisarmos nos diversos estados onde temos pequeno e médio investimento português ele está ligado diretamente ao fluxo de viagens da TAP", diz, frisando que partir do momento em que a TAP começou a ter voos diretos para Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Manaus, o investimento português começou a aumentar.

A partir da mudança do escudo para o euro, Armando Abreu lembra que houve uma subida do investimento no gigante sul-americano.

"Muito dinheiro que veio para o Brasil que na altura não podia ser convertido em euros", diz.

Na opinião do presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, existem agora "dois grandes tipos de investimentos por parte dos portugueses no Brasil, numa altura em que o país celebra, a 07 de setembro, o bicentenário da independência.

O primeiro é referente ao "investimento dos grandes aglomerados, das grandes empresas", como a EDP, GALP, Vila Galé, Grupo Pestana, Mota-Engil, Teixeira Duarte, Efacec, Caixa Geral de Depósitos.

Grandes investimentos estes que entram através da capital económica do país, São Paulo, ou pelo Rio Janeiro.

Depois, diz, existe o pequeno e médio investidor "que normalmente tem tendência a fugir dessas grandes cidades".

"Por isso hoje temos investimentos em Fortaleza, no Recife, em Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte", afirma.

Hotelaria, restauração, imobiliária, construção civil, alguma mineração e o turismo são agora os tipos de investimentos mais comuns feitos por parte dos portugueses no Brasil, diz.

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