Défice agrava-se na Arábia Saudita arrastado pela queda de rendimentos do petróleo

O défice orçamental da Arábia Saudita subiu para 88,5 mil milhões de riais (23,6 mil milhões de dólares) no terceiro trimestre, um aumento de 160 por cento em relação ao trimestre anterior, informou o Ministério das Finanças, esta quinta-feira.

RTP /
Riade, Arábia Saudita Ahmed Yosri - Reuters

O agravamento deve-se ao aumento das despesas e à queda das receitas.O défice ocorreu num contexto de queda de 0,1 por cento nas receitas petrolíferas, para 150,8 mil milhões de riais, com a inversão dos cortes de produção da OPEP a pressionar os preços, e com o avanço do reino no seu plano Visão 2030 para diversificar a economia.



O maior exportador de petróleo do mundo viu as suas receitas totais caírem cerca de 13 por cento em termos homólogos, para 269,9 mil milhões de riais no trimestre, com 119,1 mil milhões de riais provenientes de sectores não petrolíferos.

Os gastos públicos aumentaram por seu lado seis por cento em termos homólogos, para 358,4 mil milhões de riais, referiu o relatório publicado esta quinta-feira pelo Ministério das Finanças do reino.

A um de outubro, Riade anunciou um défice orçamental de 5,3 por cento do PIB este ano, mais do dobro da previsão anterior, devido à queda das receitas petrolíferas e a gastos superiores ao esperado.

A previsão é que o défice se mantenha elevado em 2026, em 3,3 por cento do PIB, ou 165 mil milhões de riais.

O Ministério das Finanças, que tinha anteriormente previsto um défice de apenas 2,3 por cento do PIB para 2025, projetou despesas de 1,3 mil milhões de riais e receitas de 1,15 mil milhões.
Quebra de receitas 
A maior economia do mundo árabe está empenhada num grande esforço para diversificar a sua economia e reduzir a sua dependência das receitas petrolíferas, com foco nos negócios e no turismo.

Isto inclui megaprojetos como Neom, uma metrópole futurista no deserto.

Estes esforços acarretam um custo financeiro significativo, numa altura em que o Ministério das Finanças prevê uma quebra de 13,4 por cento nas receitas do Estado, impulsionada, em grande parte, pela recente redução dos preços do petróleo, que dispararam após a pandemia de Covid-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.

A Aramco, o maior exportador de petróleo do mundo e pilar da economia saudita, tem vindo a registar uma queda dos lucros há dez trimestres consecutivos, desde que alcançou resultados recorde no final de 2022.

Os seus lucros caíram 4,6 por cento em termos homólogos no primeiro trimestre e 22 por cento no segundo trimestre.

O Ministério das Finanças saudita prevê que o défice do reino persista em 2027 e 2028, embora diminua para 2,3 por cento e, posteriormente, para 2,2 por cento do PIB.
Crescimento de 4% em 2025
Previsões sauditas alavancadas num crescimento do PIB em 4,4 por cento este ano, impulsionado por um aumento de cinco por cento das "atividades não petrolíferas", e de 4,6 por cento no próximo ano.

Na sua mais recente edição do relatório World Economy Perspectives, o FMI elevou a sua previsão de crescimento do PIB da Arábia Saudita para quatro por cento em 2025, face aos três cento projetados em abril.

O crescimento em 2026 também foi revisto ligeiramente em alta, para quatro por cento, devido a uma reversão mais rápida do que o esperado dos cortes na produção de petróleo no maior exportador mundial de crude.

Em Outubro, o grupo OPEP+ adicionou mais petróleo bruto ao mercado depois de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a Rússia e outros aliados terem optado por reverter alguns cortes na produção mais rapidamente do que o anteriormente planeado.

O défice orçamental da Arábia Saudita diminuiu para 34,534 mil milhões de riais no segundo trimestre, uma queda de 41,1 por cento em relação ao trimestre anterior.

A dívida pública do reino era de 1,47 biliões de riais no final do terceiro trimestre, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

($1 = 3.7504 riais)

c/agências
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