Deputado do PAN acusa partidos do governo açoriano de "subjugação humilhante"

por Lusa

O deputado do PAN na Assembleia dos Açores, Pedro Neves, criticou hoje os partidos que integram o Governo Regional (PSD, CDS-PP, PPM), acusando-os de "subjugação humilhante" para tentar "agradar a gregos e a troianos".

Na intervenção final do Plano e Orçamento da região para 2022, o parlamentar do PAN recordou a "conferência de imprensa da passada sexta-feira", realizada pelo deputado do Chega, José Pacheco, onde aconteceu a "pérfida e perfeita humilhação" dos Açores.

"Como pode esta coligação falar de responsabilidade governativa quando falharam para com os açorianos nas Agendas Mobilizadoras e agora neste Orçamento que, na tentativa de agradar a gregos, numa subjugação humilhante, ficou com o papel dos troianos?", declarou o deputado do PAN, da tribuna da Assembleia dos Açores, na Horta.

Na sexta-feira, numa conferência de imprensa, o deputado do Chega/Açores deixou tudo em aberto quanto à votação do Orçamento e anunciou uma revisão do acordo de incidência parlamentar e uma remodelação governamental.

"Como pode esta coligação usar de forma repetida o argumento que quem vota contra não está a favor dos açorianos, quando preferiu estar `em paz sujeitos`?", questionou Neves, referindo-se à divida da região, que diz "Antes Morrer Livres do Que em Paz Sujeitos".

No discurso, o parlamentar citou ainda uma figura do "Rei Imperador Chegano, que em terras continentais sem jurisdição territorial, esmagou a pequena réstia do orgulho açoriano", numa referência à posição do Chega.

Pedro Neves reiterou que perdeu a "confiança" no executivo devido à gestão dos fundos das Agendas Mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência, que considerou um "triste episódio".

"Apesar da perda de confiança resultante do triste episódio das Agendas Mobilizadoras, onde não houve ainda consequências políticas, o que está hoje em causa é um Plano e Orçamento que também não merece a nossa aprovação", insistiu.

O Orçamento Regional dos Açores começou a ser debatido na segunda-feira pelo parlamento açoriano na Horta, ilha do Faial, e a sua aprovação está dependente dos votos do deputado do Chega, do representante da Iniciativa Liberal e do deputado independente (ex-Chega), que já garantiu que vai honrar o seu compromisso na votação.

A direção nacional do Chega pediu na quarta-feira passada ao partido nos Açores para retirar o apoio ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), mas o deputado único do partido, José Pacheco, disse que "nada está fechado e tudo pode acontecer" dado que há negociações em curso.

Contudo, hoje, o deputado único do Chega no parlamento açoriano anunciou que vai votar a favor do Orçamento Regional para 2022 porque "o Governo aceitou as condições estabelecidas" e "o respeito exigido foi alcançado".

A Assembleia Legislativa é composta por 57 eleitos e a coligação de direita, com 26 deputados, precisa de mais três parlamentares para ter maioria absoluta.

A coligação assinou um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD com a Iniciativa Liberal (IL).

O deputado único da IL, Nuno Barata, ameaçou votar contra, referindo posteriormente que continua "a lutar" nas negociações, mas esta tarde enalteceu a proposta para a redução do endividamento em 18 milhões de euros, prevista no Orçamento para 2022, uma exigência do partido para aprovar o documento.

O parlamento conta ainda com mais 28 deputados: 25 do PS, dois do BE e um do PAN. Estes partidos anunciaram já o voto contra o orçamento.

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