Economia do continente africano com perspetiva de aceleração em 2017

A economia do conjunto dos países africanos deverá expandir-se este ano em 3,4 por cento, uma aceleração relativamente a 2016, quando cresceu 2,2 por cento. É esta a estimativa do Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD), que faz assentar os cálculos nas subidas dos preços do petróleo e da procura interna, assim como na recuperação do clima económico.

Carlos Santos Neves - RTP /
O Banco Africano para o Desenvolvimento assenta a sua estimativa nas subidas dos preços do petróleo e da procura interna, assim como na recuperação do clima económico Mike Hutchings - Reuters

É de sinal positivo a perspetiva do BAD para os próximos dois anos em África, ainda que os desempenhos económicos dos 54 países observados no relatório agora conhecido sejam desiguais.

“Em 2017 e 2018, África vai beneficiar dos preços das matérias-primas, que começaram a subir no final de 2016, do aumento da procura interna privada, gestão melhorada das políticas macroeconómicas já assimilada em muitos países, um ambiente de negócios favorável e a melhorar e uma estrutura económica mais diversificada, particularmente nos sectores dos serviços e da manufatura leve”, anotam os relatores.O relatório do Banco Africano para o Desenvolvimento, integrado na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico da ONU, foi divulgado a partir de Ahmedabad, na Índia.

O documento sublinha que, em 2016, “o desempenho do continente foi desigual” em matéria de “indicadores económicos, sociais e de governação”. Todavia, para 2017 e o ano seguinte, “as perspetivas são favoráveis”.

O fraco desempenho de 2016 é atribuído, no relatório do BAD, “aos preços baixos das matérias-primas, ao desempenho fraco da economia global, a desaceleração gradual no crescimento chinês e aos efeitos indiretos da Primavera Árabe, amplificados pelo conflito prolongado na Líbia”.

Países exportadores de matérias-primas, entre os quais Angola e Guiné Equatorial, “enfrentaram um ano difícil”. Outros Estados puderam, em contraponto, apresentar crescimentos económicos e cimentar evoluções de anos anteriores.

Espera-se que o financiamento externo apresente um crescimento ligeiro, de 177,7 mil milhões de dólares no ano passado para 179,7 mil milhões de dólares em 2017. As maiores fontes de financiamento continuarão a ser o investimento direto estrangeiro, calculado em 57,5 mil milhões de dólares este ano, e as remessas de emigrantes, que deverão perfazer 66,2 mil milhões de dólares.
Países da CPLP

Os relatores referem três fatores essenciais para acautelar o desenvolvimento do continente africano: “África deve primeiro diversificar as exportações para reduzir a exposição aos choques de preços das matérias-primas, depois deve conseguir melhor aproveitar a capacidade do comércio intra-África e, por último, os governos devem focar-se em fazer andar as iniciativas de integração regional”.

Quanto aos Estados que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), só a Guiné Equatorial tem por diante a perspetiva de prolongamento da recessão.

  • Angola
    O relatório do BAD estima que a economia de Angola cresça 2,3 por cento este ano e acelere para os 3,2 por cento em 2018. Isto após ter desacelerado para 1,1 por cento em 2016.
  • Moçambique
    Moçambique sofreu um abrandamento para 4,3 por cento no ano passado, mas os analistas do BAD preveem que acelere este ano para 5,5 por cento, alcançando em 2018 um ritmo de crescimento de 6,8 por cento.
  • Cabo Verde
    Cabo Verde, escreve-se no relatório do BAD, deve capitalizar os crescimentos de 3,7 por cento e de 4,1 previstos para este ano 2018, expandindo a participação do sector privado na economia.
  • Guiné-Bissau
    A Guiné-Bissau deverá ver a riqueza crescer 4,8 por cento em 2017 e cinco por cento no ano seguinte.
  • São Tomé e Príncipe
    O turismo e o investimento na construção deverão impulsionar a economia de São Tomé e Príncipe para um crescimento de 5,5 por cento em 2017 e 2018, na esteira de um crescimento de cinco por cento no ano passado.
  • Guiné Equatorial
    A Guiné Equatorial deverá debater-se este ano com um recuo económico próximo dos seis por cento, depois de em 2016 a economia do país ter recuado mais de oito por cento, sobretudo por causa da quebra dos preços do petróleo e da diminuição da produção.

c/ Lusa

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