Eletrodomésticos ganham nova etiqueta energética

por Nuno Patrício - RTP
Foto: DECO Proteste/DR

A partir desta segunda-feira, os mais recentes aparelhos eletrónicos (máquinas de lavar, frigoríficos, televisores, entre outros) vão ter de exibir ao consumidor uma nova etiqueta energética. A nova apresentação surge da necessidade de uma informação mais inteligível.

A principal novidade da nova etiqueta é a escala de classes de eficiência energética que regressa à sua forma original, de A (mais eficiente) a G (menos eficiente). Mas nesta mudança os procedimentos de ensaio e de cálculo da eficiência energética de alguns produtos foram revistos. As classes energéticas da antiga etiqueta foram reescalonadas e a etiqueta tem um novo grafismo.


Outra diferença face à antiga é a existência de um código QR na etiqueta que direciona o consumidor para a Base de Dados de Produtos Europeia e pictogramas, novos ou revistos, com mais informações sobre o desempenho e as características específicas dos produtos.

Elsa Agante, coordenadora da área de Energia e Sustentabilidade da DECO Proteste, explica que o que vai mudar, a partir de 1 de março, é que passa a haver “cinco categorias de equipamentos que vão ter uma nova etiqueta”.
“A informação em si não é muito diferente e a principal mudança tem a ver com as letras”, que agora vão ficar mais simplificadas, mas com a mesma informação qualitativa.Porquê uma nova etiqueta energética?
Há muito que as organizações de consumidores, entre as quais a DECO Proteste, reivindicam uma nova etiqueta energética junto da União Europeia. A nova legislação comunitária foi ao encontro destas solicitações e reformula as etiquetas, eliminando na apresentação visual com as classes A+, A++ e A+++, passando a etiqueta a apresentar uma escala mais simples, A (mais eficiente) a G (menos eficiente).

A etiqueta energética da União Europeia existe desde 1992 e apresenta-se como uma informação importante, permitindo aos consumidores compreender e comparar melhor a eficiência dos eletrodomésticos que vão comprar. Desta forma, é possível fazer escolhas mais económicas e sustentáveis.

Apesar de visualmente ser diferente, esta não é muito grande. A simplificação da escala apresentada permite ao consumidor apreender de forma rápida qual o consumo dos electrodomésticos à venda.



Dentro do conjunto dos cinco electrodomésticos, que vão ter de utilizar esta nova etiqueta energética, revista e actualizada, a partir de 1 de março, estão incluídos os frigoríficos (incluindo frigoríficos de vinho), máquinas de lavar loiça, máquinas de lavar e lavar e secar roupa, televisores e ecrãs eletrónicos e fontes de luz (lampadas LED), sendo que a última categoria só terá a nova etiqueta a partir de 1 de setembro de 2021.

“Esta nova formulação, sem os A+++, de A a G, vão ser só aplicados a estes cinco tipos de equipamentos (…) prevê-se que no futuro possam também ser aplicadas a outros”, refere Elsa Agante. da DECO Proteste.
Características da nova etiqueta energética
Dependendo do produto, a nova etiqueta mostra o consumo de eletricidade e traz novidades. Além de um grafismo intuitivo, diferentes cores apresenta no canto superior direito um código QR que irá permitir aceder a informações adicionais sobre o produto.

Como ler os símbolos da nova etiqueta energética

- O código QR permite ao consumidor ter, imediatamente, mais informações sobre o aparelho que quer comprar usando um leitor, deste tipo de código, através de um smartphone;
- uma nova escala de classificação energética: de A a G, sem classes '+';
- o consumo energético específico para cada produto. Os frigoríficos apresentam o consumo anual, enquanto as máquinas de lavar loiça e as máquinas de lavar e de lavar e secar roupa apresentam o consumo de 100 ciclos. O consumo energético de ecrãs e fontes de luz refere-se a 1000 horas de uso;
- grafismos diferentes para cada aparelho a indicar o desempenho e as características do produto.

Duas etiquetas no mesmo espaço de tempo
A partir de 1 de março, os eletrodomésticos em loja poderão apresentar duas etiquetas diferentes, ou seja, o modelo em vigor desde 1992, nos eletrodomésticos mais antigos e o atual nos novos modelos. Uma informação visual que pode enganar o consumidor.

A coordenadora da área de Energia e Sustentabilidade da DECO Proteste refere que apesar da confusão visual ambas as informações estão corretas.

“Os novos equipamentos, efetivamente, já todos têm a nova etiqueta, mas todos os outros que estão em stock atualmente ainda mantêm a etiqueta antiga. E até 30 de novembro vai haver a possibilidade de coexistirem as duas no mesmo espaço comercial”. A única dúvida que o consumidor poderá ter prender-se-á com o facto de serem diferentes.

Questionada pela RTP sobre se os vendedores não poderão usar esta mudança em seu proveito, a representante da DECO Proteste afirma que “existe alguma formação junto dos vendedores para eles ajudarem as pessoas da melhor forma. Não é uma questão de aproveitamento e [os vendedores] têm de explicar o que se passa”.

Durante a fase de transição, o consumidor poderá ficar confuso ao verificar que um aparelho A+ na etiqueta antiga passe a ostentar, por exemplo, a classe D na nova etiqueta.

Isto acontece por dois motivos: primeiro, porque, com o novo escalonamento das classes, os equipamentos que se situavam nas classes mais altas na antiga etiqueta passam para classes intermédias na nova; segundo, porque se verifica o efeito dos novos e revistos procedimentos de ensaio, mais adaptados às tecnologias e às realidades e que são mais exigentes. Assim, os equipamentos mais eficientes, na nova etiqueta energética e na fase de lançamento, situar-se-ão na classe B ou nas classes inferiores a esta.

Aula online a 4 de março
A DECO Proteste, em conjunto com a ADENE – Agência para a Energia, vai dar um webinar gratuito (aula online), no dia 4 de março, sobre as mudanças e vantagens das novas etiquetas, com espaço para perguntas e respostas.

Nestes dois projetos que apoiam a implementação da nova etiqueta energética, estão as empresas BELT (Boost Energy Label Take Up) e o LABEL2020. Financiados pela União Europeia, ao abrigo do programa Horizonte 2020 sob os contratos de subvenção nº 847043 e 847062, respetivamente, estes projetos visam ainda a adoção de produtos mais eficientes ao nível europeu.

Em Portugal, a DECO Proteste, em colaboração com a Worten, é responsável pela implementação do Projeto BELT enquanto a ADENE, em estreita coordenação com a Direção-Geral de Energia e Geologia, é a entidade responsável pela implementação do projeto LABEL2020.

Vendas online ou à distância
Será que os produtos à venda na internet também vão ter de exibir estas etiquetas? E quais os requisitos específicos que devem ser considerados para vendas à distância?

De acordo com o site da LABEL2020 o anúncio do equipamento deverá conter uma seta da cor da classe de eficiência energética do produto e a respetiva escala de classes de eficiência energética, que devem ser colocadas ao lado do modelo do produto para vendas à distância ou online.

Os fornecedores devem garantir que a etiqueta energética reescalonada e a ficha de produto estão disponíveis através da EPREL. Os revendedores podem solicitá-los aos fornecedores num formulário impresso (Artigo 3 Obrigações dos fornecedores). Especificações adicionais à etiqueta energética reescalonada e à ficha de produto para vendas online estão detalhadas nos Anexo VII e VIII de cada regulamento de etiquetagem energética.

No caso de vendas à distância e telemarketing, os clientes podem obter, mediante solicitação, uma cópia impressa da etiqueta e da ficha de produto (geralmente o ponto 6 do Anexo VII) do revendedor.

O cliente deve ainda ser informado que pode aceder à etiqueta e ficha de produto num site web de acesso livre / EPREL.
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