FMI vê Zona Euro a crescer 1,9% este ano e 1,7% no próximo

por RTP
Eric Gaillard - Reuters

O Fundo Monetário Internacional reviu em alta as estimativas de crescimento económico da zona euro, esperando agora que a economia dos países da moeda única suba 1,9 por cento este ano e 1,7 por cento no próximo. A instituição reviu em baixa o crescimento dos Estados Unidos e do Reino Unido e manteve as previsões para a economia mundial.

Na atualização ao "World Economic Outlook", relatório com as previsões económicas mundiais, divulgada esta segunda-feira, o FMI estima que a economia do conjunto dos países da zona euro cresça 1,9 por cento este ano e 1,7 por cento no próximo, mais 0,2 e 0,1 pontos percentuais, respetivamente, do que o previsto em abril.

No documento, o FMI destaca as estimativas de crescimento de quatro países: Alemanha, França, Itália e Espanha. Para todos eles, o fundo revê as previsões face ao que tinha apresentado em abril.

Espanha é o país que mais cresce entre os quatro - 3,1 por cento este ano e 2,4 por cento no próximo (estimativas que demonstram uma revisão em alta de 0,5 e 0,3 pontos percentuais, respetivamente) -, seguida da Alemanha, a crescer 1,8 por cento este ano e 1,6 por cento no próximo (revisões de 0,2 e 0,1 pontos percentuais).

Segue-se a França, a avançar 1,5 por cento este ano e 1,7 por cento no próximo (com uma revisão de 0,1 pontos percentuais em cada um dos anos), enquanto a Itália cresce apenas 1,3 por cento este ano e um por cento em 2018 (mais 0,5 e 0,3 pontos percentuais, respetivamente).
"Preocupações de estabilidade financeira"
Para o economista chefe do FMI, Maurice Obstfeld, a performance da zona euro é "notável quando comparada com o passado recente".

Ainda assim, a instituição sediada em Washington afirma que em alguns países da zona euro podem ser levantadas novas preocupações de estabilidade financeira, dada a debilidade do setor bancário, o que pode "aumentar as taxas de juro de longo prazo e deteriorar a dinâmica da dívida pública".
Economia mundial continua a crescer 3,5% este ano e 3,6% no próximo
Crescimento dos EUA revisto em baixa

O FMI manteve as previsões do crescimento da economia mundial em 3,5 por cento este ano e 3,6 por cento no próximo, com uma redução da projeção de crescimento dos EUA a atenuar melhorias em outras economias, como a da zona euro.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que "não há dúvidas" de que a economia mundial está a recuperar. Ainda assim, a instituição sediada em Washington sublinha que "as projeções inalteradas para o crescimento mundial mascaram diferentes contribuições dos países" para a previsão global, sobretudo em duas das maiores economias: Estados Unidos e China.

"De uma perspetiva de crescimento global, a revisão em baixa dos Estados Unidos é a mais importante. Nos próximos dois anos, a taxa de crescimento dos EUA deveria ficar acima do seu potencial, mas reduzimos as nossas estimativas porque a política orçamental nos EUA parece vir a ser menos expansionista do que prevíamos em abril", afirma o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, numa nota publicada juntamente com a atualização das previsões.

A estimativa de crescimento dos EUA foi reduzida de 2,3 por cento para 2,1 por cento em 2017 e de 2,5 por cento para 2,1 por cento em 2018.
Crescimento do Reino Unido revisto em baixa
Também a projeção de crescimento económico do Reino Unido para 2017 foi reduzida, de dois por cento para 1,7 por cento, devido a um desempenho económico "mais fraco do que o esperado" no primeiro trimestre deste ano e porque, segundo Maurice Obstfeld, "o derradeiro impacto do 'Brexit' na economia britânica permanece por saber".

Por outro lado, as estimativas de crescimento para este ano foram revistas em alta para o Japão, de 1,2 por cento para 1,3 por cento, mas o FMI destaca sobretudo a melhoria na zona euro, de 1,7 por cento para 1,9 por cento.

Também a China, na lista de economias em desenvolvimento do FMI, vê as perspetivas de subida do PIB aumentarem, prevendo-se agora um crescimento de 6,7 por cento em 2017 e de 6,4 por cento em 2018 (mais 0,1 e 0,2 pontos percentuais, respetivamente, do que o estimado em abril).
Economias em desenvolvimento crescem 4,6%

Em suma, e de acordo com a atualização do FMI, em 2017 as economias avançadas crescem dois por cento (ritmo igual ao previsto em abril) e as em desenvolvimento sobem 4,6 por cento (mais 0,1 pontos percentuais do que o previsto há três meses).

Em 2018, as economias avançadas abrandam o ritmo de crescimento para 1,9 por cento (menos 0,1 pontos percentuais do que o estimado anteriormente) e as em desenvolvimento crescem 4,8 por cento (sem alterações).

Ainda assim, "as projeções das taxas de crescimento para 2017-2018 continuam abaixo das médias anteriores à crise, sobretudo para a maior parte das economias avançadas e para as em desenvolvimento que exportam matérias-primas", salienta o fundo.

A instituição liderada por Christine Lagarde admite alguns riscos a esta previsão: alguma incerteza política (do Brexit e das políticas orçamentais dos EUA), tensões financeiras (do crescimento do crédito na China, quanto à estabilidade da banca na zona euro ou à política monetária dos EUA), protecionismo ou questões não económicas (como tensões geopolíticas).

Nesse sentido, o FMI defende que deve ser promovido o comércio livre, um crescimento mais inclusivo e fortalecido o momento de crescimento económico (através de políticas orçamentais, monetárias e estruturais).

c/ Lusa
Tópicos
pub